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148º. ANIVERSÁRIO DE RAUL BRANDÃO (1867-1930)
Por António Loureiro (Professor), em 2015/03/091502 leram | 0 comentários | 375 gostam
“O homem é tanto melhor quanto maior quinhão de sonho lhe coube em sorte. De dor também”
(Raul Brandão)
No âmbito do 148º. aniversário de Raul Brandão (RB), no dia 12 de março, a Biblioteca Municipal Raul Brandão e a Junta de Freguesia de Nespereira, vão realizar um conjunto de iniciativas de homenagem ao escritor, com fortes ligações a Guimarães e à freguesia.
Deste modo, a 12 de março, a Biblioteca Municipal Raul Brandão tem programada a inauguração de uma exposição denominada “Um olhar sobre Portugal Pequenino” (10 horas), com base nesta obra escrita por RB em parceria com sua esposa Maria Angelina , seguindo-se pelas 10,30 horas a apresentação da peça baseada na mesma obra (“Portugal Pequenino”- 1930), cuja organização e representação pertence aos alunos do 3º. e 4º. anos da EB 1 Arrau/Nespereira. Por sua vez, à tarde (16 horas) decorrerá uma conferência pelo Professor Rui Teixeira, que abordará o tema “A existência como simulacro: uma literatura comparada das obras “Húmus” de Raul Brandão e “Livro do Desassossego …” de Fernando Pessoa.
Por seu turno e no período ente de 9 a 14 de março, semana em que ocorre a I Semana Cultural da Junta de Freguesia de Nespereira, a autarquia vai levar a cabo uma série de eventos evocativos, entre os quais se destacam, logo a 9 de março (21 horas), no decurso da cerimónia de abertura, a inauguração de uma exposição na sede da Junta, a que se seguirá um momento musical e a representação teatral da peça “Rei Imaginário” do próprio Raul Brandão (1923), a cargo do Teatro de Ensaio Raul Brandão (TERB), secção de teatro do Círculo de Arte e Recreio (CAR). A homenagem ao escritor, que morou longos anos na Casa do Alto, em Nespereira, continua em 12 de março (21 horas), no Centro Social e Paroquial com a exibição do documentário “Raul Brandão era um grande escritor” e cerca de 30 minutos depois com uma tertúlia sobre a vida e obra do autor.
Recorde-se que já em Agosto passado a Junta de Freguesia de Nespereira havia instalado na fachada da sua sede um memorial a Raul Brandão, de autoria de João Renato Ribeiro, artista da freguesia.
A homenagem a Raul Brandão, que de acordo com a organização da Semana Cultural pretende “exaltar todos aqueles que pelo nascimento ou por opção de vida estão intimamente ligados a Nespereira e cujo talento artístico os distingue dos demais”, prossegue a 13 de março (20,30 horas) com a caminhada cultural “Ao Encontro de Raul Brandão” e culmina no dia seguinte (21 horas) com performances musicais e uma representação/declamação alusiva aos “800 Anos da Língua Portuguesa”, a cargo de Fernando Capela Miguel.
No fundo, uma iniciativa digna dos maiores encómios que congregam o agrupamento escolar, concretamente a EB 1 de Arrau (Nespereira), a autarquia e outras instituições culturais vimaranenses. Bom seria que em 2017 e atempadamente se programasse o 150º. do aniversário de Raul Brandão e centenário da publicação de “Húmus”(1917), a obra-prima brandoniana. Aliás 2017 poderá ser um ano cultural em cheio, assim o queiram os decisores da nossa praça, pois celebram-se 500 anos do Foral Manuelino de Guimarães e da publicação do “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente (1517) outro escritor marcadamente vimaranense. Ano em que, curiosamente, Guimarães pretende candidatar-se a Capital Verde Europeia.
Em separado e sob o título “Raul Brandão” publicamos um texto curto sobre a vida e obra do escritor. Acerca de RB e em jeito de complemento, chamamos ainda a atenção para a adaptação ao cinema da peça homónima “0 Gebo e a Sombra”, por Manoel de Oliveira, bem como para a entrevista a Raul Brandão publicada a 7 de dezembro de 1930 pelo jornal republicano vimaranense “A Velha Guarda”, inserida no site “Memórias de Araduca”.
Como nota final, um curto excerto de “Húmus” (“para matar o tempo”):
“A vida é fictícia, as palavras perdem a realidade. E no entanto esta vida fictícia é a única que podemos suportar. Estamos aqui como peixes num aquário. E sentindo que há outra vida ao nosso lado, vamos até à cova sem dar por ela. Estamos aqui a matar o tempo”.


Artigo escrito por: Álvaro Nunes (professor aposentado)


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