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PASSARINHAS E SARDÕES
Por António Loureiro (Professor), em 2015/12/141228 leram | 0 comentários | 127 gostam
Nesta altura do ano, entre a festa da Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro e o dia de Santa Luzia, a 13 de dezembro, a cidade de Guimarães conserva a antiga tradição das passarinhas e dos sardões.
PASSARINHAS E SARDÕES

Nesta altura do ano, entre a festa da Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro e o dia de Santa Luzia, a 13 de dezembro, a cidade de Guimarães conserva a antiga tradição das passarinhas e dos sardões.
Porém, esta tradição é mais notada na festa de Santa Luzia, protetora dos olhos e da visão, que todos os anos se celebra na capela local, datada do ano de 1600, sita na Rua Francisco de Agra, ali bem perto da rotunda localizada entre a Rua de Santo António e Gil Vicente (junto aos correios). De facto, junto a esta capela que antes foi uma gafaria de mulheres, isto é, hospital de doentes leprosos, ano após ano, entre vários negócios como as castanhas assadas, diversas vendedeiras vendem as famosas passarinhas e os sardões, mantendo viva esta velha tradição vimaranense.
As passarinhas e sardões são guloseimas de centeio ou farinha de trigo cozido revestidas com uma cobertura branca de açúcar, enfeitados com pedacitos de papel colorido, fitas e laçarotes, que por vezes apresentam outras formas: relógios, cornetas, cruzes, cães, cavalos, etc
Mas, segundo a tradição, são acima de tudo símbolos sexuais do acasalamento entre homem e mulher e de um jogo figurado de amor e desejo, no qual os rapazes se esforçam por conquistar as raparigas. Deste modo, como é evidente, ambas as guloseimas remetem para os órgãos sexuais masculino (o sardão) e feminino (a passarinha), num contexto de um encontro e de sedução.
Atualmente oferecem-se também os segredos. São caixinhas de cartão em cujo interior, numa almofada ou cama de algodão em rama, se recolhem miniaturas da passarinha e do sardão e ainda de um coração que guarda um segredo, ou seja, uma dedicatória amorosa e em verso que os rapazes oferecem às raparigas com um certo romantismo erótico:

Numa voz bem meiguinha
Diz à Maria o José João:
Se me deres a passarinha
Eu dou-te o meu sardão …

No fundo, contudo, mais uma tradição romântica, tal como a Cantarinha dos Namorados ou o cortejo das Maçãzinhas, no decurso das Festas Nicolinas, que relevam a grandiosidade do acervo patrimonial e cultural vimaranense, a par de efemérides similares importadas, como o S. Valentim, não obstante o nosso Valentim (Bernardo Valentim Moreira de Sá), músico, concertista, maestro e consagrado violinista vimaranense, recordado na toponímia da cidade e academia de música local, ter nascido a 14 de Fevereiro, no dia dos namorados.
Tradições que as escolas deveriam cultivar e ajudar à sua preservação.

Texto da Autoria
Professor Aposentado
Álvaro Nunes


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