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16 DE MAIO - DIA NACIONAL DO CIENTISTA
Por Conceição Páscoa (Professora), em 2020/05/20419 leram | 0 comentários | 119 gostam
O Dia Nacional do Cientista foi instituído com o objetivo de celebrar e reconhecer a contribuição histórica, relevante e inovadora, da comunidade científica para o avanço de desenvolvimento, bem como para o progresso e bem-estar da sociedade.
Ora, hoje mais do que nunca, nestes tempos de pandemia, os cientistas são evocados como imprescindíveis. E Portugal, apesar da sua pequena dimensão e por vezes alguma falta de recursos, tem progredido bastante nesta matéria nos últimos tempos, em parte graças à ação recente do investigador Mariano Gago, ex-Ministro da Ciência e Tecnologia, entre 1995-2002, que, nascido a 16 de Maio, viria a ser o patrono desta efeméride: o Dia Nacional do Cientista.
De facto, nos tempos atuais, Portugal tem crescido bastante no domínio científico. Com efeito, ainda que só registe um Nobel da Medicina, obtido pelo médico neurologista Egas Moniz em 1949 (para além do Nobel da Literatura de José Saramago), o país conta com três nomes na lista dos 250 mais cotados cientistas de todo o mundo: o imunologista António Coutinho, o neurocientista António Damásio, autor da famosa obra “O Erro de Descartes” e Carlos Duarte, um prestigiado ecologista marinho. Nomes a que ajunta recentemente outros conhecidos dos meios universitários como o físico Nuno Peres e José Teixeira, entre muitos outros.

Guimarães tem também nomes marcantes na ciência, consagrados na toponímia da cidade. Cito o médico Abel Salazar, considerado o “Da Vinci Vimaranense” pela sua polivalência científica e artística, Roberto de Carvalho, pioneiro na radiologia, Francisco Martins Sarmento na arqueologia e etnografia, ou o historiador Alberto Sampaio, entre muitos outros. Mas também gente das novas gerações que consagram a sua vida à ciência, como é o caso do astrofísico José Fonseca.
Assim, em primeira pessoa, aqui fica o depoimento deste jovem cientista vimaranense, nascido em 1985, transcrito do livro “Volta ao mundo com cientistas portugueses:

“Nasci na terra considerada o berço de Portugal, a bonita cidade de Guimarães. Hoje sou astrofísico e vivo na cidade do Cabo, África do Sul. Entre cá e lá muito se passou. Lembro-me bem porque é que o céu me fascinou. Lembro-me das encostas do Douro onde agora vou menos vezes e das incontáveis noites que passava a olhar o céu que pousava sobre os montes. Aquela pontilhada magnífica de luz eram estrelas e galáxias. Sim, alguns daqueles pontos são grupos de milhões de estrelas, outros são aglomerados de galáxias. Como é que o Cosmos funciona? Que segredos tem? Sempre gostei de compreender a realidade que me envolve e por isso tinha essas perguntas na minha cabeça.
Aos dezoito anos saí de Guimarães para ir estudar Física Matemática e Astronomia. O Porto foi a minha segunda casa, foi lá que estudei. Descobri durante os meus estudos, a beleza da Matemática e a simplicidade da Física. Era a Física do universo que mais despertava a minha curiosidade. No terceiro ano do curso, fiz parte dos meus estudos noutro país, a Suécia, ao abrigo do programa conhecido por Erasmus. No ano seguinte mudei-me para Cambridge, para fazer mestrado em Física Teórica, ao que se seguiu um doutoramento em Portsmouth, no Reino Unido.
Nestes anos de estudo, adquiri muitos conhecimentos e tive oportunidade de conhecer diversos países e diferentes culturas. Depois do meu doutoramento trabalhei na Ciência Viva, uma instituição portuguesa que divulga a ciência para a comunidade. Mas o Céu … o Cosmos …. Eles não podiam esperar. Então vim para a cidade de Cabo e trabalhar no que será o maior radiotelescópio do mundo.
Atualmente, trabalho num projeto de desenvolvimento de um telescópio chamado SKA – Square Kilometer Array – que está a ser construído com a colaboração de vários países e que será instalado na áfrica do Sul e Austrália. Este telescópio vai ser muito importante na observação de estrelas, galáxias, gases e poeiras cósmicas. Tento perceber como é que galáxias estão distribuídas no universo, de modo a ficar a saber mais sobre os diferentes tipos de matéria, visível ou escura. Este telescópio vai permitir também obter informação mais precisa acerca da origem do Universo.
Sou responsável por desenvolver modelos que permitam perceber o que vai ser possível observar com este telescópio, em especial o que podemos aprender sobre o universo com essa informação. De facto, o objetivo dos astrofísicos que trabalham em Cosmologia, ciência que estuda o Cosmos, é perceber a sua composição, história desde o início do Universo. De alguma forma somos historiadores do céu.
Porque a vida não é só trabalho, gosto de ir ao teatro e ver filmes que não vêm de Hollywood, fazer caminhadas n montanha e armar-me em David Attenborough e ira ver animais em estado selvagem. Também gosto de viajar, aprender novas línguas e ler (muito), de ir à praia ou ao ginásio e de sair à noite para dançar ou ter conversas intermináveis sobre política internacional”.

Conhecias este jovem vimaranense?
Propomos-te assim uma investigação sobre os cientistas portugueses e/ou vimaranenses, sobre os quais gostaríamos que nos enviasses alguns textos, que teremos muito gosto em publicar neste jornal online. Mas, se preferires, sugerimos a leitura de alguns títulos do “Clube dos Cientistas”, ou algumas obras recomendados pela iniciativa “Ler+Ciência”, inserida no Plano Nacional de Leitura.
Entretanto, para aguçar o apetite, aqui fica um poema de Manuel António Pina, extraído do seu livro “Pequeno Livro da Desmatemática”, que também poderás ler divertidamente:

“A divisão é a arte
De ficar com a melhor parte
Se duvidas não dividas!
Ou divide só as dívidas!”
Na verdade, um outro livro interessante que se recomenda, e que certamente te dará uma visão diferente da ciência, em especial do “papão” da Matemática.

Vamos a isso?!

Por Álvaro Nunes


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