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DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS
Por Conceição Páscoa (Professora), em 2020/05/13426 leram | 0 comentários | 128 gostam
No próximo dia 18 de maio comemora-se mais um Dia Internacional dos Museus, criado por proposta do Conselho Internacional dos Museus (ICOM), um organismo afeto à UNESCO, que desde 1977 celebra a efeméride.
Ora, este ano, o tema da efeméride será “Museus para a Igualdade: diversidade e inclusão”. Deste modo, visa-se genericamente chamar a atenção para o facto de os museus serem” um importante meio de intercâmbio cultural, enriquecimento da cultura e desenvolvimento e entendimento mútuo, cooperação e paz entre os povos” e, ao mesmo tempo, realçar o papel social dos museus, que podem assim incentivar a diversidade e a inclusão.
Visitar um dos muitos “templos de musas” da cidade (ou do país), ainda que online, é portanto o serviço mínimo exigido e o nosso repto lançado.
 E Guimarães tem pano para mangas nesta matéria!
Por exemplo, poderíamos sugerir uma visita ao Museu Alberto Sampaio, uma vez que este é considerado por José Saramago um dos museus mais belos de Portugal:

“Declara já o viajante que este é um dos mais belos museus que conhece. Outros terão riqueza maior, espécies mais famosas, ornamentos de linhagem superior: o Museu de Alberto Sampaio tem equilíbrio perfeito entre o que guarda e o envolvimento espacial e arquitetónico. Logo o claustro da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, pelo seu ar recolhido, pela irregularidade do traçado, dá ao visitante vontade de não sair dali, de examinar demoradamente os capitéis e os arcos, e como abundam as imagens rústicas ou sábias, tão belas, há grande risco de cair o visitante em teimosia e não arredar pé. O que vale é acenar-lhe o guia com outras formosuras lá dentro das salas, e realmente não faltam, tantas que seria necessário um livro para descrevê-las: o altar de prata de D. João I e o loudel que vestiu em Aljubarrota, as Santas Mães, a oitocentista Fuga para o Egipto, a Santa Maria a Formosa de Mestre Pero, a Nossa Senhora e o Menino de António Vaz, com o livro aberto, a maçã e as duas aves, a tábua de frei Carlos representando S. Martinho, S. Sebastião e S. Vicente e mil outras maravilhas de pintura, escultura, cerâmica e prataria. É ponto assente para o viajante que o Museu Alberto Sampaio contém uma das mais preciosas coleções de imaginária sacra existente em Portugal, não tanto pela abundância, mas pelo altíssimo nível estético da grande maioria das peças, algumas verdadeiras obras-primas. Este museu merece todas as visitas, e o visitante jura de cá voltar de todas as vezes que em Guimarães estiver” (…)
Com efeito, é esta opinião avalizada do nosso Nobel da Literatura, José Saramago, que consta na sua obra “Viagem a Portugal”. Por isso, nada melhor para nos convencer a uma visita virtual que este argumento de autoridade.
De facto, entre a sua imensa riqueza artística e viagem pela nossa História, aqui documentada pelo escritor, destaca-se ainda o Tríptico da Natividade, uma das mais preciosas peças de arte gótica europeia, talvez um dos mais preciosos “presépios” portugueses.
Trata-se de um altar portátil em madeira de cedro, revestido em prata dourada e esmaltada, semelhante a um retábulo de pintura, que representa no corpo central o nascimento de Jesus e nas suas abas laterais outros episódios bíblicos: à esquerda, no painel superior, a Anunciação, o Anjo e a Vigem e em baixo a Visitação; e à direita, na parte superior, anunciação aos pastores da Boa Nova, e em baixo a Adoração dos Magos, com um dos reis ajoelhados e os outros dois de pé, todos voltados para a cena central da Natividade.
De facto, na parte central, representa-se a Virgem deitada num leito, estendendo os braços para segurar o Menino, com S. José à direita, enquanto por cima do cortinado de fundo, espreitam as cabeças do burro e do boi e dois anjos nas extremidades.
Esta peça artística, com dimensões aproximadas de 1,320 de altura e 1,720 de largura, foi oferecida pelo rei D. João I a Nossa Senhora da Oliveira como pagamento da promessa pela vitória na Batalha de Aljubarrota (1385) e terá sido recolhida como troféu entre as pertenças do rei de Leão e Castela, deixadas no campo de combate.

Mas, para além deste museu, Guimarães tem intramuros outras grandiosas preciosidades. Por exemplo, na Sociedade Martins Sarmento podes contemplar um manancial arqueológico riquíssimo, bem como preciosas coleções etnográficas e numismáticas. Destaca-se ainda a sua importante Biblioteca com cerca de 100 mil volumes e o precioso Fundo Local de publicações vimaranenses, a que se ajunta a hemeroteca e arquivos, entre os quais consta o Foral de Guimarães de 1507 e os exemplares da Revista de Guimarães, publicada desde 1884.
Destaca-se ainda, sobre a alçada desta instituição o Museu de Arte Castreja, no Solar de Ponte antiga casa de Francisco Martins Sarmento, cujo espólio ligado à cultura celta, prolonga o espaço museológico da Citânia de Briteiros que este explorara.
Porém, não podemos também esquecer o Paço dos Duques de Bragança, um dos espaços mais visitados no país, o Museu de Arqueologia da Associação Comercial de Guimarães, ou do Museu do Santo António dos Capuchos, assim como o Aquivo Municipal de Guimarães e muitas das igrejas e capelas da cidade e do concelho, cheias de história e beleza arquitetónica.

Mais recentes e dignos de referência, embora menos conhecidos, são também o Museu Agrícola de Fermentões, com o seu acervo focalizado no mundo do trabalho artesanal e agrícola, bem como o Museu da Vila de S. Torcato, ligado ao culto do santo e seu mosteiro, bem como à vivência da região.
Igualmente, dignos dos maiores encómios, são o Centro Internacional de Artes José de Guimarães, a Casa da Memória e o Centro Ciência Viva, que surgidos após a consagração de Guimarães como Capital Europeia da Cultura, em2012, nos remetem não só para o passado mas também para a modernidade artística e tecnológica.

De facto, não falta diversidade museológica em Guimarães, que é de facto uma cidade-museu, consagrada mundialmente como Património Cultural da Humanidade, desde 2001.
É só escolheres …

Álvaro Nunes


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