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IN MEMORIAM DE LUÍS SEPÚLVEDA
Por Conceição Páscoa (Professora), em 2020/04/23530 leram | 0 comentários | 123 gostam
Faleceu no passado dia 16 de abril, vítima do Covid-19, o escritor chileno Luís Sepúlveda, autor dos livros infanto-juvenis "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar" e "História de um caracol que descobriu a importância da lentidão".
Nascido em 1949 na localidade rural de Ovalle, no Chile, Sepúlveda foi ao longo da sua vida um ativista político e cultural e um resistente contra a ditadura de Pinochet, postura que, após a queda do regime socialista de Salvador Allende, em 1973, o levaria à prisão e ao exílio em vários países.
De facto, tal como nos seus livros, há na sua vida aventura. Escritor, jornalista, argumentista e cineasta, bem como ativista político e ambiental, (tendo inclusive sido guarda pessoal do presidente Allende e integrado o Greenpeace), Sepúlveda passaria ainda pelas aventuras de mais dois casamentos, após a separação da primeira esposa, a escritora Carmen Yanez, mulher com quem se voltaria a reconciliar, duas décadas mais tarde e que com ele vivia atualmente em Espanha, na região das Astúrias.

Mas, acima de tudo foi um grande escritor. que sagazmente conciliou memórias e ficção, geralmente inspiradas na sua prodigiosa imaginação e infância. De facto, há nos seus livros, reminiscências das memórias das histórias orais transmitidas pelo seu avô e das estórias antigas dos povos indígenas da sua terra, bem como influências de leituras juvenis, como Moby Dick, de Herman Melville, narrativa que acabaria por recriar na sua obra “História de uma baleia branca”, ainda que recentrada na perspetiva do animal.
Com efeito, traduzido em mais de 60 países e com mais de 18 milhões de livros vendidos e contemplado com inúmeros prémios literários, Luís Sepúlveda é um dos escritores referenciados na Plano Nacional de Leitura a merecer uma (re)leitura que constituirá a melhor homenagem que lhes poderíamos prestar, em sua memória.
Deste modo, (re)ler as obras citadas, ou “O Velho que lia romances de amor” ´, ou ainda “Mundo do fim do mundo”, ou “Um cão chamado Leal”, entre muitos outros dos cerca de 30 títulos publicados, como “As Rosas de Atacama”, ou a narrativa de viagens “Patagónia Express” é certamente uma das formas mais salutares de ultrapassar esta quarenta e de lhe dedicar um justo preito.
Recorde-se que o escritor esteve entre nós entre 18 e 23 de fevereiro, no decurso do festival literário ”Correntes d’ Escritas”, ocorrido na Póvoa de Varzim, e era um grande amigo de Portugal.
Mas, como hoje titula o Jornal de Notícias, “um contador de histórias nunca morre. Apenas muda de morada” …

Texto de Álvaro Nunes

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