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TOPONÍMIA LOCAL- Urgezes
Por Teresinha Teixeira (Administrador do Jornal), em 2012/12/12728 leram | 0 comentários | 146 gostam
Rua Alfageme de Santarém: uma rua histórica e lendária.
Em Urgezes e lateralmente à ex-escola da Vaca Negra há uma via que se dá pelo nome de Rua Alfageme de Santarém, que muitos interrogam sua origem. Ora, o dito cujo alfageme, palavra de origem árabe que refere a pessoa que fabricava, afiava ou consertava armas brancas, ou seja, o vulgar armeiro, foi nada mais nada menos que o vimaranense e artífice lendário da história nacional de nome João de Guimarães (ou Fernão Vaz), célebre espadeiro de D. Nuno Álvares Pereira, que, nas vésperas da Batalha de Aljubarrota lhe terá corrigido e temperado a sua espada gloriosa.
De facto, João de Guimarães não só terá acompanhado o Santo Condestável durante a crise de 1383-1385 como também terá tomado hábito e vivido religiosamente, a exemplo do seu mestre. Uma lápide no Convento do Carmo, em Lisboa, que remonta a 1745, referencia o espadeiro que o cronista da ordem, Frei Joseph Pereira de Santa Ana, cita que “era ferreiro e fabricante de bestas de aço que partiu da sua terra natal para Santarém” , ao que consta com cerca de vinte anos.
Mas o Alfageme de Santarém ou Espada do Santo Condestável é também o título de peça dramática do grande escritor Almeida Garrett, publicada em 1842. Com efeito, este drama histórico apresentado em 5 actos, desenrola-se em torno de D. Nuno Álvares Pereira, na ribeira de Santarém, durante a crise de 1383-1385, sendo o espadeiro (na peça Fernão Vaz) aludido como mestre em polir e temperar espadas invencíveis. Esta peça, que segundo Teófilo Braga pretendia projectar a luz moral deste episódio heróico da nossa história colectiva, visava também denunciar a ameaça da sujeição da rainha D. Maria II (no drama D.Leonor de Teles) aos interesses conservadores da época (na obra o partido do Conde de Andeiro), pelo que acabaria por ser proibida no decurso da ditadura de Costa Cabral, apenas voltando à cena em 1846.
O Alfageme de Santarém é também uma conhecida lenda que Fernão Lopes, na Crónica do Condestável deixou para a posterioridade. Conta-se que “ele era o alfageme mais reputado da região de Santarém, que, à custa de muito trabalho tinha amealhado uma pequena fortuna, a qual lhe tinha permitido casar com a bela Alda Gonçalves, que em tempos tinha sido apaixonada de D. Nuno Álvares Pereira”, situação que terá feito a mulher do alfageme temer pela vida de seu marido. No entanto e pelo contrário, seria D. Nuno Álvares Pereira, na altura já Conde de Ourém, que perante invejas e intrigas de que o alfageme fora vítima e o condenaram à prisão e morte, lhe conseguiria um perdão real e o salvamento, a pedido de Alda Gonçalves. Cumpria-se assim a profecia do alfageme, que tempos antes não quisera cobrar um serviço prestado a D. Nuno, afirmando que este apenas lhe pagaria quando este fosse Conde de Ourém …

Professor Álvaro Nunes


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