NICOLINAS 2018 | |
Por Carla Manuela Mendes (Professora), em 2018/12/05 | 257 leram | 0 comentários | 77 gostam |
A partir de 29 de novembro e durante a primeira semana de dezembro regressam as Festas Nicolinas, intrinsecamente ligadas à freguesia de Urgezes e que em tempos recentes tiveram devida abordagem local, que infelizmente se tem perdido. | |
Evocar esses tempos de ligação escola-meio e de pedagogia de projeto, bem como o espírito lúdico e criativo que lhe estava subjacente e simultaneamente assumir uma postura crítica, bem vicentina, às coisas como hoje são, é o objetivo deste Pregãozinho, à laia nicolina: Que Baco me dê força inebriante, Sem excessos, nem furores intestinos, Que Minerva me dê saber relevante Para estes versinhos, bem Nicolinos! Pregão da cidade e da sua festa Voz da crítica da razão e coração, Que às vezes é tudo o que resta Da lei da rolha da comunicação. Pois tu, nobre cidade, berço da nação. Recupera as conquistas de Afonso, O pelote e armas de del-Rei D. João! E ergue novas forças de responso. E como boa mãe, boa madrasta, Urbe de duas caras de bravura, Acolhe teus filhos e a gente casta Constrói no passado, vida futura. Quer seja verde tua ecovia Quer seja de elétrico ou skate Ao caótico trânsito, dai transvia Que o estacionamento se empreite. Mais trabalho e mais empresas Menos ruído e mais tranquilidade São as grandezas e riquezas Que queremos na nossa cidade! E transportes públicos bem pontuais, Que por vezes ficam pelo caminho! É nas pequenas coisas, mais triviais, Que urge ter atenção e cuidadinho! … Porque só a assobiar para o lado, Ou a aparecer (bem) na fotografia Será prato mastigado e requentado Que não passa de triste cenografia! Em vez de obras que dão nas vistas Queremos obras de alcances largos Estamos fartos de alguns artistas Que só trabalham pr’os cargos! Queremos a Circular Sul no terreno Pelo Cavalinho as ligações novas Pois ninguém circula rápido e sereno Entre as duas avenidas, rumo a Covas! E em vez dos festas popularuchos De pão e circo ou francesinhas Que tal, ainda que sem luxos. Umas coisas mais crescidinhas? Com criatividade, cultura e arte Como o nome bem recomenda Se não a Vaca Negra destarte Acaba como aquela da lenda! E o nosso querido Vitória Que tropeçou na Taça da Liga Que a Liga dê asas de glória Para que na Europa prossiga! Pois quer o Júlio quer o Castro Querem uma época sem igual, Que a bandeira suba ao mastro, Noutra conquista de Portugal! Lá fora, entre Brexit e a Trampania Com refugiados e muros em promessa Falta cidadania, sobra vil soberania, Que urge reverter bem depressa! Entre Kins Jong- un ou Maduro Senhor diabo escolha, sem favores, Talvez Putin ache por mais seguro Eleger como amigos outros ditadores! E vós, queridos mestres e professores, Educadores e marrões do picanço, Dai-nos a graça de vossos favores, Na sabedoria da cábula e copianço! Que Minerva, deusa de vasto saber, E S. Nicolau, nosso bom patrono, Nos ajudem a comer e a beber Vosso ensino tão sensaborono! Bem, sabeis que no nosso ensino Se as metas não são nossa praia Também não serão nosso hino As competências, ou ser cobaia! Estamos fartos desta dança Do vira o disco e toca o mesmo Que a geringonça ou a Aliança Nos ofertam sempre a esmo! Juntai pois a vossa nobre ação Do descongelamento da carreira Ao congelamento da avaliação Que nos stressa a vida inteira! E deixai-nos brincar ou namorar Jogar, conviver, não fazer nada, Pois esta malta quer-se doutorar Como doutores desta fornada. Mais divertimento e convívio , Mais resumos, menos leituras E para relaxamento e alívio Mais desporto e aventuras. De estudo só mesmo visitas Sem relatórios, nem trabalhos! E visitas radicais e interditas, Sem grisalhos, nem paspalhos! Pois pr’a escola de regresso Com greves que ameaçam Aos professores só peço Feriados que me satisfaçam! E saiba o ministro e vocês, Que queremos mais intervalos Abaixo os testes e os TPC’s Pois escrever só faz calos! Abaixo a ardósia nas escolas E venham já para Guimarães Novos consolos e consolas Novas tabletes Magalhães E para os nossos professores Nem calmantes, nem psicóloga Para aturar nossos desamores Sugerimos acupunctura ou ioga! E vós, nossas damas e colegas, Vos rogamos com fiel encanto Que aos beijos não deem negas Nem fitas pinteis de desencanto! Mas vosso lugar são as varandas Sinto muito e peço-vos perdão, Mas só a nossa lança tem andas Para içar, o fruto proibido d’ Adão E vós alunos e profes de Urgezes Que às Nicolinas tendes ligação Como deixastes que em Colgeses Morresse esta secular tradição? Como permitis qu’ alegria e o sucesso Em nome do quanto baste e ligeireza, Se entranhe com vergonhoso retrocesso Em manifesta “apagada e vil tristeza”?! … Viva S. Nicolau, patrono dos estudantes, Vivam as Nicolinas, por toda a eternidade, Vivam a sabedoria, a amizade, os espumantes, Viva a tradição, património desta cidade! Vivam a juventude e as velhas gerações, Vivam a cultura e nossas gentes laborais, Vivam as memórias, histórias e as inovações, Vivam Guimarães e as nicolinas, imortais! Que enfie o barrete (Nicolino), quem se achar com cabeça (compatível) … Álvaro Nunes | |
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