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Efemérides vimaranenses - Novembro
Por Carla Manuela Mendes (Professora), em 2018/11/07230 leram | 0 comentários | 51 gostam
A História de Guimarães está mais do que qualquer outra na História de Portugal. Mas, Guimarães é também terra histórica de muitas outras histórias e estórias, feitas de datas e acontecimentos marcantes. Aqui ficam algumas dessas histórias.
7 DE NOVEMBRO
Corria o ano da graça de 1385 do dia 7 de novembro, quando o Alvará de El-Rei e Senhor D. João I passou a conceder à Insigne e Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, na vila de Guimarães, um conjunto de regalias que ficariam conhecida como os Privilégios das Tábuas Vermelhas.
Com efeito, por terem sido guardados num livro com capas de madeira forradas de marroquim vermelho, estes favores reais, atribuídos exclusivamente aos cónegos da Colegiada de Guimarães e aos seus protegidos e servidores, ficariam para sempre conhecidos como os Privilégios das Tábuas Vermelhas.
Regalias e privilégios que isentaram os agricultores do direito de aposentadoria (obrigação de alojamento e pernoita graciosa de nobres em viagem), que abrangiam os caseiros e lavradores “ escusados de ir servir na Guerra, nem a outras nenhumas partes, nem lhes tomassem seu pão, nem vinho, nem outra nenhuma coisa de seu contra suas vontades”.
Privilégios que se estendiam ainda à dispensa de pagamento de alguns impostos e outras situações; “que não paguem em peitas, fintas, nem talhas, nem em outros nenhuns encargos (…) n em lhes tomem seus Filhos nem Filhas para servirem nenhumas pessoas, nem lhes tomassem os Bois, nem as Bestas”.
Porém, estes privilégios, através dos quais o rei quis agradecer a Santa Maria da Oliveira a proteção seriam contestados por muita gente que deles não gozava. Entre estes destacar-se-ia o advogado Pedro Oliveira, que junto do Padrão da Oliveira terá discursado publicamente, em favor da sua abolição. Conta-se então que após o discurso e repreensão dos cónegos o advogado terá repentinamente caído no chão com a língua de fora, morrendo horas depois.

16 DE NOVEMBRO

A notícia da assinatura do Armistício de 11 de novembro de 1918, entre os Aliados e a Alemanha, que marcou um período de tréguas e cessar fogo na I Grande Guerra Mundial, foi também saudado em Guimarães, como se lê na imprensa da época:
“Soou, felizmente para o mundo inteiro, a hora bendita e milhares de vezes desejada da Paz!
(…)
Também a população vimaranense vibrou de contentamento por ter sido assinado o armistício que pôs , pelo menos por agora, termo à horrível carnificina.
E como não havia o povo de Guimarães de manifestar o seu regozijo pela cessação das hostilidades se tantas vezes, quer subindo junto aos pés da Virgem da Penha, quer enchendo os templos da nossa Cidade, ergueu as mãos ao céu rogando a Deus a terminação da grande guerra?
Salvo os açambarcadores e mesmo os negociantes milicianos, que com a guerra se encheram explorando ignobilmente o público e concorrendo, com as sua milicianadas, para a espantosa subida de todos os géneros, - podemos asseverar que toda a gente recebeu a notícia da cessação das hostilidades com extraordinária satisfação.
Na noite de segunda-feira, a “Nova Philarmonica Vimaranense” atravessou as ruas da cidade entoando vários hynos”
Numerosa multidão, acompanhando a mesma filarmónica, expandiu o seu entusiasmo erguendo clamorosos vivas.
Uns díscolos, (há-os em todas as terras do País) metendo-se entre a multidão, e julgando que transformariam aquela manifestação patriótica em uma manifestação política, soltaram vivas a Afonso Costa, à República Velha …
Foram obrigados a meter os pausinhos para dentro … por causa do intenso frio que fazia …
E não repitam a cena: olhem que a população vimaranense, fiquem-nos sabendo de uma vez para sempre, sendo ordeira como é, far-lhes-á pagar bem caro a repetição de tais formigadas … Tenham juízo … Senão …
Os estabelecimentos comerciais, a convite da Associação Comercial, encerraram as suas portas ao meio-dia de quarta-feira em sinal de regozijo por ter sido assinado o Armistício!.

 
Texto de
Álvaro NUnes


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