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MUSEU ALBERTO SAMPAIO FAZ 90 ANOS
Por António Lourenço (Professor), em 2018/03/12222 leram | 0 comentários | 60 gostam
O Museu Alberto Sampaio (MAS) foi criado em 1928, data do 8º. Centenário da Batalha de S. Mamede e abriu ao público em 1931. A propósito do seu 90.º aniversário fica aqui o convite à sua visita, que o nosso prestigiado viajante recomenda.
“Declara já o viajante que este é um dos mais belos museus que conhece. Outros terão riqueza maior, espécies mais famosas, ornamentos de linhagem superior: o Museu de Alberto Sampaio tem equilíbrio perfeito entre o que guarda e o envolvimento espacial e arquitetónico. Logo o claustro da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, pelo seu ar recolhido, pela irregularidade do traçado, dá ao visitante vontade de não sair dali, de examinar demoradamente os capitéis e os arcos, e como abundam as imagens rústicas ou sábias, tão belas, há grande risco de cair o visitante em teimosia e não arredar pé. O que vale é acenar-lhe o guia com outras formosuras lá dentro das salas, e realmente não faltam, tantas que seria necessário um livro para descrevê-las: o altar de prata de D. João I e o loudel que vestiu em Aljubarrota, as Santas Mães, a oitocentista Fuga para o Egipto, a Santa Maria a Formosa de Mestre Pero, a Nossa Senhora e o Menino de António Vaz, com o livro aberto, a maçã e as duas aves, a tábua de frei Carlos representando S. Martinho, S. Sebastião e S. Vicente e mil outras maravilhas de pintura, escultura, cerâmica e prataria. É ponto assente para o viajante que o Museu Alberto Sampaio contém uma das mais preciosas coleções de imaginária sacra existentes em Portugal, não tanto pela abundância, mas pelo altíssimo nível estético da grande maioria das peças, algumas verdadeiras obras-primas. Este museu merece todas as visitas, e o visitante jura de cá voltar de todas as vezes que em Guimarães estiver. Poderá não ir ao castelo, nem ao palácio ducal, mesmo estando prometido: aqui é que não faltará. Despedem-se o guia e o viajante, cheios de saudades um do outro, porque outros visitantes não havia. Porém, parece que não faltam lá mais para o verão”.
Ora, este viajante é nada mais nada menos que José Saramago (o nosso Nobel da Literatura) e o texto, um excerto respigado da sua obra “Viagem a Portugal”.
Sem mais delongas, aqui fica portanto o convite e a recomendação para a visita a “um dos mais belos museus” deste país, durante o período do programa comemorativo e/ou no decurso do Dia Internacional dos Museus, a 18 de maio. Mas qualquer dia serve, exceto na segunda-feira, dia de descanso …

Programa Comemorativo
O programa comemorativo inicia-se no próximo dia 17 de março com o lançamento de dois livros: um direcionado para as crianças, intitulado “Mumadona Dias: a fundadora de Guimarães”; e outro editado em colaboração com a Academia de Ciências de Lisboa e do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, sob o título “Livro de Mumadona: cartulário do mosteiro de Guimarães” .
Paralelamente ocorrerão ao longo do dia e a partir das 10,30 horas várias atividades destinadas às famílias, designadamente uma maratona de teatros de sombras, encerrando a efeméride às 18,30 horas com o canto dos parabéns, festa para a qual toda a população se encontra convidada.
Ainda neste dia, a Associação Amiguinhos do MAS, com o apoio da Câmara Municipal, oferecerá às crianças participantes nas atividades o livro de pintar “Lendas e outras histórias de Guimarães”.
Igualmente e ao longo da semana de 20 a 23 de março, as escolas serão convidados, a agendar teatros de sombras, estando também prevista a oferta às crianças do livro lúdico citado.
Recorde-se que o museu tinha ainda à sua guarda um valiosíssimo tesouro em ouro e pedras preciosas, que seria roubado em 16 de novembro de 1975 por um comando do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), ligado à direita reacionária, ao que consta constituído pelo ex-tenente fuzileiro Siva Horta e Maria Alice Silva, dirigente do Partido do Progresso.
As joias nunca foram recuperadas e os citados seriam julgados à revelia em 1987 e condenados respetivamente a 20 e 15 anos de prisão e ao pagamento de um milhão de contos.
O assalto foi minuciosamente noticiado pelo Comércio de Guimarães de 22 de novembro, que não só elenca o rol de objetos furtados como também os detalhes do golpe, ocorrido na hora de encerramento do museu.
Acrescente-se que este museu, denominado Alberto Sampaio (1841-1903), em homenagem a este ilustre cidadão e historiador vimaranense, oferece ainda habitualmente um conjunto de iniciativas educativas, designadamente no âmbito dos seus Fins de Semana em Família, que compreendem atividades no âmbito do teatro de sombras e marionetes, ateliês diversos e visitas animadas.

Texto escrito por
Álvaro Nunes

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