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Sobre o Teatro em Guimarães
Por António Loureiro (Professor), em 2017/03/27815 leram | 0 comentários | 149 gostam
Hoje dia 27 de Março de 2017, é o Dia Mundial do Teatro e será por isso que aqui estamos reunidos, como Homens e Mulheres e Grupos de Teatro. (…)
Com efeito, estas são as palavras iniciais do Manifesto 2017, sobre o teatro em Guimarães, que será divulgado na data da efeméride, em sessão pública a decorrer pelas 21,30 horas, junto ao “Monumento aos 500 anos do Teatro Português e a Gil Vicente”, situado no espaço ajardinado da Alameda de S. Dâmaso e que tem por objetivo homenagear o teatro e os seus mestres, dos quais os atuais protagonistas são herdeiros.
Um preito emotivo, protagonizada e encenado pelos grupos Bando do Gil, Musiké e Grutene (Grupo de Teatro de Nespereira), que a propósito do Dia Mundial do Teatro apresentarão uma performance alusiva, intitulada “Palhaços, Amor e Árvore”, centrada em obras selecionadas de Raúl Brandão.

Aqui ficam algumas memórias e registos do citado manifesto:
(…)
“Havia gentio que se divertia com momices e representações nas praças e largos em dias de festa” e nos salãos de algumas famílias de nobreza se apresentavam histórias “com títeres, teatradas, para gáudio das crianças e dos convidados” . O Municipio também “contratava companhias de teatro galegas, funâmbulos e malabaristas e outros divertimentos circenses, para as festas da Villa”. As companhias da Galiza eram useiras com as suas representações nas praças de Guimarães, sobretudo na Praça Maior de Santa Maria da Oliveira. Segundo a tradição terão sido vistos pelo jovem Gil e seus parceiros, que seria depois mais tarde, o nosso magno autor e ator do teatro português—Mestre Gil Vicente.
 Nos finais dos séculos XVIII e XIX há memórias de “um barracão dos teatros junto à casa do priorado e encostada à muralha,” hoje o nosso Museu Alberto Sampaio. Ainda uma referência à casa dos estudantes na rua das Pretas, ali ao lado da Igreja de Santos Passos” onde faziam danças, comédias e representações e depois faziam ao povo, pelas praças e ruas. Seria para a recolha de fundos para as suas festas e construção da sua capela.”
 Já no séc. XX , há referência à juventude Católica orientada pelo ilustre padre Gaspar Roriz, também ele autor de textos para teatro e ainda a teatreiros por altura do Natal, no princípio do séc. XIX e de homens e mulheres que, com o advento da República se dedicaram à Arte de Talma, ao mesmo tempo que se construíam casas de espetáculos. A mais antiga: o Teatro D. Afonso Henriques, a casa da cultura de Guimarães até à década de 40 (…). Depois o Teatro de Gil Vicente que pertencia à ASMAV—Associação Mutualista e Artistica Vimaranense.
Destas épocas há várias referências aos grupos de teatro, sendo o mais conhecido o grupo “MOCIDADE ALEGRE”, superiormente dirigido pelo padre Gaspar Roriz e Luis Filipe Coelho (…).
Entretanto já tinham desaparecido as casas de cinema e os teatros Gil Vicente e Afonso Henriques, até o novel cidadão empresário republicano Bernardino Jordão construir a suas expensas uma nova casa de espectáculos: o Cine – Teatro Jordão .
Desta época e seguintes, muitos nomes de vimaranense, homens e mulheres se dedicaram às Artes de Palco: Maria da Conceição, Amália Teixeira, Fernanda Ferreira, A Quininha das Dominicas, Luísa Xavier, Maria do Carmo, Teresa Melo, Helena Guedes, Lúcia Abreu, foram mulheres que subiram aos palcos. José Freitas, Joaquim Serra, António Martins, Ferreira da Cunha, António Soares de Abreu, Joaquim Fernandes, José Machado, Jaime Martins, Armando da Cruz de Pedra, estes os que nos lembram, porque já partiram para o Oriente Eterno, mas podemos lembrar muitas dezenas mais.
A partir de 1958 um homem irá fazer uma revolução cultural em Guimarães, iniciada com uma grande homenagem concelhia e municipal ao cidadão da Casa do Alto e que vai ser co-patrono do Teatro de Ensaio Raul brandão, escritor que subiu à ribalta por seu intermédio. Em 1967 numa magna homenagem à esposa do escritor, Maria Angelina, e em 1978 a Raul Brandão, com o apoio do municipio, são prestigiados e assim alcandorados a uma dimensão nacional.
Com a Revolução do 25 de Abril vai sentir-se uma grande carência de salas para grandes eventos, já que os salões paroquiais e as casas do Povo vão tornar-se insuficientes para as necessidades dos Amadores de Teatro da região, que durante décadas foram a alma dinâmica de muitas associações. Nasce logo o Auditório da Universidade e após alguns anos Vila Flor.
Também com a Revolução do 25 de Abril, uma explosão cultural vai acontecer por toda região ficando na memória : as Noites de Teatro nas Praças do Burgo pelo Círculo de Arte e Recreio, as Jornadas socioculturais da Biblioteca 127 da FCG, o Charivari - Mês Cultural organizado pela Associação CONVÍVIO, e o CIRCULTURA iniciativa do CICP, que existia na Rua Bento Cardoso. Em finais da década de 80 a reposição dos eméritos FESTIVAIS de GIL VICENTE.
Mas em todo o concelho de Guimarães têm aparecido ao longo dos tempos Amadores de Teatro nas freguesias de Creixomil, Pinheiro, Campelos, Pevidem, Cerzedo, S. Torcato, Nespereira, afirmando desta forma o Teatro como Arte Maior com tradição em Guimarães, sendo exemplo disso o mais antigo Festival de Teatro em Portugal: os Festivais de Gil Vicente.
Mas este ano comemoramos o aniversário do nascimento de Raul Brandão, 150 anos de um ilustre escritor que escolheu a nossa terra para fazer a sua obra magistral, mas que seria um mero desconhecido, não fora o empenho, teimosia e dedicação desse grande professor de matemática e mestre do teatro – Joaquim António dos Santos Simões – que com os seus amigos e camaradas, tirou este grande escritor do anonimato.
Hoje estamos aqui para declarar o Direito da nossa Existência!!!...
Hoje estamos aqui para exigir respeito pelo nosso trabalho e dedicação!!!...
Hoje estamos aqui reunidos para afirmar que o TEATRO está Vivo!!!...
Hoje estamos aqui para homenagear um dos insignes escritores do nosso Teatro e gritar bem alto!!!...
Viva o escritor Raul Brandão !!!..
Viva o Teatro de Amadores!!!...
Viva o Teatro em Guimarães!!!...

Texto escrito por,
Fernando Capela Miguel


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