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ME DIVULGOU NOVO PERFIL DO ALUNO
Por António Loureiro (Professor), em 2017/02/151184 leram | 0 comentários | 143 gostam
No passado 11 de fevereiro, o Ministério da Educação apresentou o “Perfil do Aluno do Século XXI”, documento de trabalho que define as 10 competências-chave dos alunos, no final da escolaridade obrigatória.
Porém, ao que consta e para além do “Perfil do Aluno do Século XXI”, também será colocada brevemente a discussão a gestão flexível do currículo, cuja autonomia se estima se saldará por cerca de 25% das matérias e que plausivelmente deverá ser já uma realidade no próximo ano letivo, para os alunos dos inícios de ciclo (1º. , 5º. , 7º. e 10º. anos. Outrossim, de acordo com João Costa, secretário de Estado da Educação, teremos ainda em breve a apresentação da “estratégia da educação para a cidadania e ainda a proposta de decreto-lei sobre a educação inclusiva” .
 
Mas concretamente e no inerente ao documento agora apresentado, prevê-se de facto que será conferida mais autonomia às escolas/agrupamentos na definição dos ritmos de lecionação de determinadas matérias, dentro de um ciclo, assim como mais tempo de interação com os alunos. Fundamentalmente, advoga-se uma escola com um perfil mais humanista, que não se limite a reproduzir conteúdos e que na perspetiva da tutela deve proporcionar (mais) “tempo no currículo e tempo para fazer trabalho interdisciplinar e de projeto”, bem como mais trabalho experimental, em detrimento das metas e programas extensos.

Deste modo, o aludido documento avança com uma proposta de 10 áreas de competência para os 12 anos de escolaridade obrigatória, a saber:

- a nível da linguagem e textos, o domínio da leitura, da escrita e da expressão oral;
- no âmbito da informação e comunicação, a capacidade de pesquisar, descrever, avaliar ou validar;
- no domínio do raciocínio e resolução de problemas, capaz de tomar decisões para resolver problemas;
- na vertente do pensamento crítico e criativo, prever e avaliar o impacto das decisões;
- no relacionamento interpessoal, a capacidade de gerir emoções e construir relações;
- no desenvolvimento pessoal e autonomia, estabelecer objetivos, traçar planos e projetos;
- no inerente ao bem-estar e saúde, adotar comportamentos saudáveis na alimentação e no exercício físico;
- no contexto da sensibilidade estética e artística, compreender a integração de formas de arte na comunidade;
- no respeitante ao saber técnico e tecnologias, saber executar diferentes operações técnicas;
- no concernente à consciência e domínio do corpo, ajustar o tipo de comportamento motor face à ação desejada.

Assim, estes “dez mandamentos” passarão a constituir-se como um guião de práticas educativas, que segundo Guilherme de Oliveira Martins, coordenador do grupo de trabalho que elaborou o documento, assenta na dignidade humana e “visa um plano para o longo prazo”, que não fique condicionado pelos ciclos políticos.
Um perfil de competências que passa essencialmente pela capacidade de informação e comunicação, linguagem e textos, bem como pelo relacionamento interpessoal, de moldes aos alunos serem capazes “de ouvir, interagir, argumentar, negociar e aceitar diferentes pontos de vista , resolver problemas e tomar decisões com base em valores”.

No referido documento adianta-se ainda que “ a assunção de princípios, valores e competências-chave para o perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória implica alterações de práticas pedagógicas e didáticas”, bem como a recentragem do lugar e papel do aluno na aprendizagem, que poderá também passar pela criação de “espaços e tempos para que os alunos intervenham livre e responsavelmente”. A promoção “de forma sistemática, na sala de aula e fora dela, de atividades que permitam ao aluno fazer escolhas, confrontar pontos de vista, resolver problemas e tomar decisões com base em valores” , são outras diretrizes apontadas. No que concerne aos professores, indica-se que estes deverão ser capazes de “abordar os conteúdos de cada área de saber, associando-os a situações e problemas presentes no quotidiano da vida o aluno ou presentes no meio sociocultural em que se insere”.
Obviamente, situações e perspetivas das quais certamente decorrerão também, como admite a tutela, implicações na avaliação dos alunos.
  
A formação integral a “assentar em valores com a empatia, resiliência, concentração, curiosidade e ética” é também a tónica de Andreas Schleicher, diretor da Educação da OCDE, que acompanhou a equipa de trabalho na elaboração deste documento. Com efeito, afirmaria são “as competências sociais, o pensar de forma diferente e a criatividade” que numa sociedade cada vez mais digital “ o que nos diferencia”. Defenderia ainda que seria importante perspetivar “o conhecimento como um todo, unindo a Filosofia à História, à Ciência, ligando os pontos e não fragmentando”, aditando e corroborando que o ensino não pode ser mera reprodução de matérias.

Relativamente a outras opiniões sobre estas recentes divulgações e embora a procissão ainda vá no adro, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Pública, avança e considera que a introdução de currículos flexíveis ”é uma necessidade há muito sentida pelas escolas”, sublinhando contudo que “representa um desafio que deve ser pensado e interiorizado e não pode ser realizado do pé para a mão”.
Na mesma esteira, Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, realça que a criação dos currículos flexíveis “é uma boa notícia”, acrescentando que “as escolas sentem há muito que há demasiado peso nos currículos”.

Bem, mas esperemos pelo debate que se avizinha, a ocorrer durante este mês e no decurso da primeira quinzena de março, uma vez que o documento estará disponível para consulta pública por um período de 30 dias e sobre o qual os Conselhos Gerais Escolares estão convidados desde já a pronunciarem-se e emitirem as suas opiniões.

Artigo escrito por,
Álvaro Nunes


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