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| AUTO DO DÍZIMO DE URGEZES APRESENTADO NA JUNTA DE | |||||||
| Por António Loureiro (Professor), em 2016/12/07 | 891 leram |  0 comentários |  115 gostam | ||||||
| Como sói e é tradição, a 4 de dezembro foi apresentado na Junta de Freguesia o denominado (Auto do) Dízimo de Urgezes 2016, que ininterruptamente desde 1999, retoma e restaura a vetusta Renda de Urgezes, que remontará a 1717. | |||||||
 Como sói e é tradição, a 4 de dezembro foi apresentado na Junta de Freguesia o denominado (Auto do) Dízimo de Urgezes 2016, que ininterruptamente desde 1999, retoma e restaura a vetusta Renda de Urgezes, que remontará a 1717. Ora, este ano, engenheiro Hélder Rocha, no centenário do seu nascimento (1916-2005), foi de facto um dos temas centrais do Auto do Dízimo de Urgezes 2016, em especial nas suas multifacetadas vivências de nicolino, vitoriano e vimaranense. Daí, que se recorde neste texto a sua ação nas Festas Nicolinas, enquanto pregoeiro dos Pregões de 1935 e 1936 e sua resistência à censura, que lhe valeu uma reprovação na disciplinas do conhecido Dr. Cuecas ; e mais tarde, enquanto democrata convicto, a prisão política pela sua participação na campanha presidencial do General Humberto Delgado. Salve o que foi o maior E das festas engenheiro! Salve o nosso Nicolino-Mor O Hélder Rocha pregoeiro. Pregoeiro contra a censura Sem cedências ou hipotecas, Que sentiu na pele a ditadura Como no chumbo do Dr. Cuecas E mais tarde com Delgado Porque com o regime colide Não escapa a ser convidado A uma hospedagem na PIDE Esta homenagem prossegue com a sua evocação e intervenção no jornalismo local, quer no Notícias de Guimarães, onde escrevia a crónica “Esquina do Toural” sob o pseudónimo de Pedro Vimaranes, quer posteriormente no Povo de Guimarães. De igual modo, em alusões diversas a algumas das suas paixões, em especial ao Vitória, Guimarães e às nicolinas: Vulto à Esquina do Toural Como efeméride bairrista Lá está ele com o seu jornal: Pedro Vimaranes, jornalista! Dali vê e ouve as Gualterianas E toda a cidade em memória As Nicolinas, tretas vitorianas, E a Taça de Portugal do Vitória! Homenagem que recorda também algumas datas marcantes de Guimarães nestes últimos 100 anos, como as Festas Centenárias da Cidade (1940) e as Milenárias (1953), a subida de divisão do Vitória em 1957/1958, a sua presidência do clube em 1961, os antigos campos de futebol do Benlhevai (1932-1946) e Amorosa (1946-1965) e a Bola de Prata de Edmur (1959/1960). Das Centenárias ao Milenário À subida de divisão em glória O Hélder viveu este ideário E presidiu ao seu Vitória No Benlhevai e na Amorosa Sem que nada o segure Ouve-se ainda sua voz saudosa Gritando os golos de Edmur Memórias que relembram também a sua intervenção política, a sua proveitosa fama de bom garfo e bom copo, mas também a sua personalidade de humor refinado e amigo de várias gerações, que certamente continuará a preservar em espírito e em convívio com outros que também já partiram. Democrata e socialista No 25 de Abril, com Delgado O engenheiro foi um ativista E homem de humor refinado Na tribuna como autarca Ou em tertúlias na Ribela O Hélder deixa sua marca Como o tintol de Vilela! Património da Humanidade Tal como a sua urbe querida Este engenheiro da amizade Fez da amizade a sua vida! Que algures, lá no céu Em moinas com as alminhas Armes farras d’ escarcéu Na loja da Senhora Aninhas! Mando-te assim presunto e paio Como posse deste centenário! E convoca também o Sampaio Que também faz aniversário Mas não esqueças, neste momento, S. Nicolau, S. Gualter e outra gente, O Afonso, o Simões e o Sarmento O Raul Brandão e o Gil Vicente! Todavia, para além da merecida homenagem, não se calam também as vozes da crítica neste auto, com predominância à atual situação social e política: Bem, foram-se os alunos da troika Como o Coelho, o Cavaco e o Portas! Mas outra troika bem paranoica Governa a direito, por linhas tortas! Antigos amigos da onça Governam agora em bloco! Já sabemos, é a geringonça, Que agora está em foco! E foi-se o Cavaco para banhos E o Portas volta às massas Só o Coelho, com baba e ranho, Chora pelo diabo e comparsas E manda o Guterres na ONU Após cristalinas eleições! Esperemos ponha tudo a nu Nesse pântano das nações! Mas se vier refugiado E do pântano abalar Nas Trinas será alojado E terá um novo lar! Outrossim, a cidade de Guimarães e a freguesia de Urgezes e são também temas obrigatórios: E porque tudo será verde e limpo Pescar-se-ão trutas nos Couros Selho e Ave serão o Olimpo Com praias e embarcadouros ! E o verde cobrirá espaços Crescerão bairros estéticos Teremos hortas nos terraços E mais relvados sintéticos E cá pela freguesia de Urgezes O que se diz e anda a falar? Ora, dividem-se os fregueses, Que em Covas querem o Pendular. Pois para sermos capital E as vilas ultrapassar Não basta, para tal Ver o comboio a passar! Só a Circular Sul e o Cavalinho A ligação direta à cidade São projetos desse caminho Que ficam para a comunidade. Pois até a nossa Vila Flor Na Vaca Negra instalada, Perdeu fulgor e valor E importa ser repensada! Mas o eixo Urgezes-Pinheiro Já produziu outro assessor! Como é óbvio e costumeiro Talvez chegue a vereador … E, como é óbvio, o tema Vitória, sempre incontornável: E como vai o nosso Vitória Nesta era do Júlio Mendes? A manter esta trajetória Por certo na Europa o tendes! Com Soares, Rafinha e Marega Não há baliza que resista E com Pedro Martins, estratega Vamos ter nova conquista! E com força, rumo ao Jamor, Com Vitória que ressoa, Nova cruzada, com fervor, Reconquistará nobre Lisboa Conquistas que também são almejadas pelas próprias Nicolinas: Nicolinas a Património Oral e Imaterial Seja também vosso grito, vossa cultura! Registe-se já, no inventário nacional, Esta força da tradição e a nossa candidatura. Inicialmente com mais de 90 quadras, o Auto do Dízimo de Urgezes, da autoria do professor aposentado Álvaro Nunes e recitado por Luís Almeida, acabaria pela sua extensão por ficar reduzido a 61 quadras, pelo que muito ficou pelo caminho … Porém, aqui ficam algumas passagens do texto final, que pode ser lido integralmente na página eletrónica da Junta de Freguesia de Urgezes. Escrito por professor Álvaro Nunes | |||||||
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