Todos os dias, quando regressava da escola, interrompia o percurso e sentava-me numas escadas perto da minha casa, que não passavam de três degraus no centro de um belo jardim. Contudo, para mim, tornaram-se num local onde guardo as minhas memórias mais antigas. Sempre que acabavam as aulas, passava por elas e tentava imaginar o motivo pelo qual estas foram construídas, mas nunca obtive uma conclusão aceitável.
Um dia, apercebi-me que algo estava diferente: o jardim estava reduzido a terra batida e cimento. Deduzi que fizessem o mesmo com as minhas escadas e caiu-me tudo aos pés. Falei com todos os responsáveis pela demolição mas todos me diziam que tudo ali era inútil e, apesar de lhes ter explicado o significado que têm para mim e para muitas outras pessoas que lá gostam de repousar, permaneceram indiferentes. Só nesse preciso momento é que, depois de se terem passado vários anos, percebi o porquê de umas escadas estranhas naquele jardim: elas estavam lá para levar as pessoas a qualquer lugar, mesmo só tendo três degraus.
Atualmente, penso que o Homem está tão obcecado em enriquecer que se está a esquecer do mais importante: ser e fazer os outros felizes, foi isso que me aconteceu, a minha infância foi trocada por um negócio.
Inês Lima,n.º 9,8.ºE |
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