NOVAS DA EDUCAÇÃO | |
Por António Loureiro (Professor), em 2016/04/18 | 711 leram | 0 comentários | 162 gostam |
Estes últimos dias algumas notícias frescas têm vindo à liça no âmbito da educação. Prometendo voltar brevemente a algumas delas, como os manuais escolares e a educação de adultos, vamos hoje tão-somente ater-nos nas duas que se seguem. | |
1. NÚMERO DE ALUNOS POR TURMA Nesta primeira quinzena de abril, a Assembleia da República discutiu várias propostas de redução do número de alunos por turma, cujo limiar máximo foi aumentado pelo ministro da tutela anterior para 26 e os 30 alunos e que se traduziu também num corte de cerca de 10 mil professores. Contudo, não é ainda previsível quando esta reversão entrará em vigor, uma vez que o assunto baixou à comissão parlamentar específica, considerando os vários projetos apresentados e o seu custo, estimado em cerca de 750 milhões de euros. Assim, tudo leva a crer que a iniciativa apenas entrará em vigor de forma faseada, plausivelmente em 2017/2018. Todavia, curiosamente, também em abril, o Conselho Nacional de Educação (CNE) divulgou um estudo sobre a organização das turmas. Assim, concluem que quanto maiores forem as turmas menor é o tempo gasto em atividades de ensino e aprendizagem, referindo igualmente que as salas com mais estudantes ”estão associadas a uma maior proporção de alunos com problemas comportamentais”. Para este trabalho, que recupera dados do inquérito “Teaching and Learning International Survey (TALIS), constata-se ainda que Portugal se encontra entre os países em que os professores dizem gastar mais tempo a manter a ordem na sala de aula (cerca de 15,7% do tempo de aulas é consumido nesta tarefa, contra uma média de 13,1 na OCDE). Aliás e segundo este estudo, os professores portugueses gastam cerca de 75,8% do seu tempo a ensinar (contra cerca de 79% da média europeia), uma vez que os restantes 8,5% são despendidos em tarefas administrativas. Por outro lado, as turmas de maior dimensão estão associadas a uma maior proporção de alunos com problemas comportamentais. Assim e embora estes números apenas possam parcialmente ser explicados pela dimensão das turmas, uma vez que outros fatores podem condicionar a indisciplina na sala de aula, como a qualidade dos professores, a carga horária, a negligência parental, os modelos pedagógicos, a ausência de monitorização disciplinar e os processos burocráticos, entre outros, o que é certo é que os dados recolhidos apontam para uma correlação entre o número de alunos por turma e o tempo dedicado ao ensino. Porém e a comprovar que existirá uma correlação entre o insucesso escolar e o número de alunos por turma, que custará anualmente cerca de 600 milhões de euros, as contas e os resultados não serão difíceis de calcular … 2. ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS Recentemente o Ministério da Educação anunciou que iria alargar aos agrupamentos a possibilidade dos estudantes do 3º. ciclo e secundário utilizarem parte do orçamento da sua escola na aquisição de bens e /ou serviços de beneficiação do espaço escolar e/ou melhorar os processos de ensino-aprendizagem. Porém e desde já, a Câmara Municipal de Guimarães aposta nesta iniciativa. Assim, no contexto da 4ª. edição do seu Orçamento Participativo, este ano no montante de meio milhão de euros, dos quais 200 mil euros a afetar a propostas dos alunos das escolas do concelho, o município tem em aberto a validação de projetos apresentados no âmbito das áreas da sustentabilidade ambiental, voluntariado e da solidariedade, cujo registo na plataforma respetiva ocorre até 22 de abril. Com efeito e enquadrando-se numa perspetiva de instituição progressiva de mecanismos de codecisão, visando a participação dos cidadãos e a sua integração no processo decisório, a edilidade tem vindo a alargar às escolas/agrupamentos este instrumento democrático. Ora, este ano o Agrupamento de Escolas Gil Vicente candidata-se com 4 projetos, que no decurso do mês de setembro serão colocadas a votação online e por SMS, após divulgação em finais de julho da lista final de propostas a submeter a sufrágio. Assim, o Centro Escolar de Urgezes (CEU) apresenta a proposta intitulada “Laboratório do Ambiente e Sustentabilidade”, que visa a criação de “um espaço de laboratório que permita aos alunos uma atividade exploratória e experimental”, estrutura na qual possam ser dinamizadas aulas e sessões experimentais que “acentuem e valorizem aspetos ligados à natureza e biodiversidade”. Por sua vez, o projeto “Pontos Verdes”, afeto à EB1 de Arrau (Nespereira), aponta no sentido de criar uma horta pedagógica vertical, requalificando a existente, já bastante degradada, que não só embelezaria os espaços exteriores como também propiciaria hábitos de alimentação saudáveis e a valorização de atitudes de responsabilidade e espírito de entreajuda entre os alunos. Um outro projeto ligado à vertente ambiental provém dos alunos do curso Experimentar Vocações, no âmbito da componente vocacional de eletricidade de redes e instalações, que apresentam a proposta denominada “Racionalidade Económica e Sustentabilidade Ambiental”, que “contempla a substituição de 560 lâmpadas fluorescentes por outras de tecnologia LED, estimando-se atingir com esta operação uma poupança financeira de 5869,94 euros”. Ainda, segundo os signatários da proposta, esta representaria uma redução estimada de 13,2 % da fatura energética e “permitiria a libertação de recursos financeiros no valor anual de 2934,97 euros”, cuja poupança permitiria transferir recursos para outras atividades, em particular de índole pedagógica”, bem como “uma redução de 62%em emissões CO2”. A mobilização de 40 encarregados de educação e atores da comunidade escolar para integrarem as equipas de trabalho, a par da reflexão sobre esta problemática assente na realização de um ciclo de conferências alusivas, complementam o projeto. Por seu turno, a proposta “Ligações intergeracionais: Viver melhor com as tecnologias”, subscrita por algumas turmas do 8º. ano, visa combater o analfabetismo digital entre os idosos. Deste modo, o projeto propõe-se a “efetuar deslocações permanentes de alunos ao Lar Rainha Dona Leonor, Centro de Dia de Urgezes e outros organismos” de forma a facultar aos idosos aprendizagens no manuseamento e trabalho com computadores, tablettes e telemóveis, designadamente no apoio logístico a tarefas no âmbito da internet, acesso aos portais das finanças e saúde, preenchimento de documentos e que passa também pela criação na escola de um gabinete de apoio aos idosos. Escrito por,professor aposentado, Álvaro Nunes | |
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