I SARAU CULTURAL DO AGRUPAMENTO GIL VICENTE | |||||
Por António Loureiro (Professor), em 2016/06/02 | 934 leram | 0 comentários | 160 gostam | ||||
Teatro, dança e música foram as atividades fulcrais do I Sarau Cultural do Agrupamento de Escolas Gil Vicente. | |||||
I SARAU CULTURAL ENVOLVEU TODA A COMUNIDADE EDUCATIVA Teatro, dança e música foram as atividades fulcrais do I Sarau Cultural do Agrupamento de Escolas Gil Vicente, decorrido no auditório da Universidade do Minho, no serão do passado dia 27 de maio, num espetáculo que envolveu toda a comunidade educativa. Ora, Gil Vicente, patrono do agrupamento e pai do teatro português, foi como não podia deixar de ser o cerne do sarau, até porque perpassavam 550 anos do seu nascimento e 25 anos da fundação da escola. Assim, mestre Gil subiria várias vezes a palco , não só para explicar algumas das suas “cenas”, como também apresentar a sua arte de Talma, missão a cargo do Clube de Teatro, sob a direção da docente Ana Cristina Guimarães, que contou com a colaboração da Biblioteca Escolar. Deste modo, a primeira visitação seria dum simples vaqueiro (Fernando Ribeiro), a voz do monólogo homónimo, que neste auto de 1502 homenagearia a família real pelo nascimento do infante e futuro D. João III e que marcaria o início do teatro português; depois, seguiram-se os excertos adaptados da moralidade do Auto da Barca do Inferno (1517) e as colagens da fantasia alegórica do Auto da Lusitânia (1532), que com as suas críticas e sátira social abririam a cortina à denúncia dos “pecados” deste mundo terráqueo, dantes como hoje pouco dado a virtudes. Quadros e cenas, que de forma divertida e pedagógica, naquela senda e lógica do “ridendo castigat mores” , provocariam o riso amarelo. A dança urbana e a ginástica rítmica, a cargo do grupo de Atividades Rítmicas e Expressivas orientado pela professora Manuela Abreu, transpor-nos-ia do passado para o presente, através da máquina do tempo da criatividade e da fantasia, patentes nas coreografias cheias de ritmo e cor exibidas. Danças a que não faltou sequer a tradição do folclore, a recordar as romarias minhotas da região do Baixo Minho, cujos dançarinos, vestindo trajos de cotio, romaria e de domingueiro, bailariam “Perim” e “Passeamos”, respetivamente danças de quadra e de roda. No palco estaria ainda presente a música moderna. Assim, após a interpretação individual de Iris Almeida (7º.A), com “Beautiful” de Christina Aguilera, seguiu-se a atuação do Clube de Música, com Joana Gomes (9º.C) a interpretar “I’m Titanium” de David Guetta e “When we were young” de Adele. Depois a ex-aluna Filipa Lima cantaria, na língua de Camões, “Melhor de Mim” de Marisa e “Estou além” de António Variações, numa boa onda musical que contagiou a plateia. Mais tarde, ainda a dar música, não faltaria sequer as sete magníficas coordenadoras de departamento/ciclo, que afinadinhas como nunca, glosando “Mãe Querida” de Ágata, surpreenderam e entoaram uma modinha de final de ano, à laia de SOS:: “Escola querida, escola querida O melhor que a gente tem Venham depressa as férias E mais feriados também” Que cena! Momento musical que novamente soltaria notas didáticas de excelência, desta feita por parte da Associação de Pais da EB1/JI de Arrau (Nespereira), que numa adaptação musical de Miguel Araújo, cantariam sapientemente “Tempo para ti”, em tom de autocrítica e de sensibilização parental: “Internet, notícias, televisão, futebol em alto som No sofá, ai é tão bom, ai é tão bom Passa o tablete e o telemóvel ao João, Fica horas sem fazer um som É tão bom, ai é tão bom .., é tão bom! (…) Meu filho, eu mato-me a trabalhar, dou-te tudo sem pensar O que queres mais de mim …” Canto que mais adiante, em contrição comedida, se harmonizaria em renovado andamento: “Agora vou ter tempo para te dar, Para te ouvir e para brincar … No teu mundo quero entrar … Eu sei que no passado era ausente, Meu filho agora será diferente Eu serei presente”. Mas o sarau pautou-se também, como anteriormente afirmamos, pela participação ativa de toda a comunidade educativa (alunos, professores, pais e assistentes operacionais), bem como de todo o agrupamento. Deste modo, passariam também pela ribalta todas as EB1/JI do agrupamento, cada qual com o seu contributo. Assim, o Centro Escolar de Urgezes (CEU) apresentou o tema/canção “Cantar Guimarães” que nos levaria a um mergulho na história da cidade e nas tradições vimaranenses. Por sua vez, a EB1/JI de Arrau (Nespereira) ofertou-nos uma interessante e pedagógica encenação sobre a poluição do planeta, no âmbito do Projeto Pegadas, sensibilizando-nos para a urgência das boas práticas ambientais. Quanto às duas escolas de Polvoreira, a Quinta do Vale brindar-nos-ia com uma montagem cénica intitulada “Dança a Preto e Branco –Regresso ao Passado” que cheia de energia e história envolveu todos os alunos, do pré-escolar e do 1º. ciclo, enquanto a Valinha, optaria por uma simples e sentida representação em homenagem a todas as mães, que emocionou a audiência. A encerrar, como sói nestas circunstâncias, o Hino da Escola, sob a batuta do professor Domingos Salvador e vozes do Clube da Hora do Canto, que entoado por todos os presentes ecoou no auditório. “Nossa escola é Gil Vicente Nosso poeta inteligente Escreveu peças teatrais Prá animar filhos e pais”. E de facto assim sucedeu, acontecendo animação de filhos e pais, durante cerca de três horas de espetáculo, com casa cheia. Iniciativa que certamente será de retomar em próximos anos letivos, plausivelmente com uma tessitura organizativa que conjugue a espontaneidade e a autenticidade das várias componentes, eventualmente com a inserção de um fio condutor pré-consensualizado. E não faltam panos para mangas: os 150 anos do nascimento de Raul Brandão e os 500 anos do Foral Manuelino de Guimarães, esta última efeméride coincidente com o quinto centenário do Auto da Barca do Inferno (de novo Gil Vicente omnipresente), serão obviamente temas a ter em linha de conta. Parabéns ainda à apresentação e locução de gabarito de pais, alunos e professores no decurso do espetáculo e a todos os atores que no palco e bastidores, na ribalta ou como simples carregadores de piano, deram a esta empreitada andaimes e caboucos sólidos e bem vicentinos, que conciliam um percurso de memórias e vivências com a renovação e os desideratos do futuro De autoria do professor aposentado Álvaro Nunes | |||||
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