GIL VICENTE DESFILOU NAS MAÇÃZINHAS | ||||||
Por António Loureiro (Professor), em 2016/12/09 | 688 leram | 0 comentários | 144 gostam | |||||
No passado 6 de dezembro, dia de S. Nicolau, patrono das Festas Nicolinas, mais uma vez o Agrupamento de Escolas Gil Vicente participou no cortejo das Maçãzinhas, após um interregno de cerca de dois anos. | ||||||
No passado 6 de dezembro, dia de S. Nicolau, patrono das Festas Nicolinas, mais uma vez o Agrupamento de Escolas Gil Vicente participou no cortejo das Maçãzinhas, após um interregno de cerca de dois anos. Desta feita, porém e contrariamente a sucessivos prémios anteriores, o agrupamento não venceu nem convenceu o júri, geralmente constituído por representantes da Câmara Municipal, Marcha Gualteriana e Velhos Nicolinos. De facto, ainda que nos critérios da assistência e populares presentes nas ruas, o carro alegórico da Gil Vicente tenha vencido, merecido aplausos e conquistado a empatia do público, pelo seu tema, decoração e dinâmica de grupo, certamente outros juízos de valor terão pesado na decisão do júri, que atribuiu o galardão do melhor carro alegórico à Secundária Francisco de Holanda. Todavia, com ou sem justiça, mais importante que o prémio é o projeto pedagógico de base, subjacente à preservação desta tradição arreigada à freguesia e a motivação que iniciativas deste género produzem no saber-fazer e socialização dos alunos. No entanto e a despeito da participação popular nas ruas, até porque S. Pedro ajudou à festa e o povo gosta das Nicolinas, o cortejo em si mesmo deixou algo a desejar e esperava-se mais e melhor. Com efeito, a despeito de algumas escolas se apresentarem com a dignidade que o cortejo e a tradição merecem, em especial os dois carros dedicados à evocação de Hélder Rocha e um outro sobre Francisco Ribeiro (ambos ilustres e saudosos nicolinos ), outros demonstraram que a “rapaziada” ainda não entendeu bem o significado deste número romântico, antes o pervertendo em brejeirice grotesca, ou simplesmente desfilando sem nexo! Quiçá uma ação pedagógica faça aqui algum sentido … Quanto ao carro alegórico do Agrupamento de Escolas Gil Vicente, o centenário nascimento do Nicolino-Mor Hélder Rocha foi o tema escolhido. Deste modo, com decorações predominantemente nicolinas, como caixas, bombos, maçãzinhas, capas pretas ornamentadas com camélias brancas e lanças enfeitadas de fitas multicolores, o carro procurou evocar o homenageado enquanto vimaranense, nicolino e vitoriano, três facetas essenciais da sua vida. Assim, em cima do carro, sobressaía um enorme bombo com uma caricatura do engenheiro Hélder Rocha, avocando as suas ligações às Nicolinas e ao Vitória, enquanto três estudantes configuravam essas três mesmas vertentes: a de cidadão vimaranense, bairrista e jornalista e simultaneamente autarca e interventor nas causas democráticas; a de vitoriano convicto, cujo clube serviu com dedicação; a de nicolino, em especial como pregoeiro dos Pregões de 1935 e 1936. Seria aliás a propósito do Vitória e do Pregão que a interação com os espectadores do cortejo funcionaria. Com efeito, incitados a gritar “Vitória!Vitória!” por uma das personagens trajada com as cores do clube, enquanto outra vestida de pregoeiro declamaria uma estrofe do Pregão de 1935, a audiência aderia com entusiamo ao carro “vicentino”. Como mote, uma estrofe alusiva à perenidade das Festas Nicolinas, que se encontrava transcrita num pergaminho, nas traseiras do carro alegórico: “Ah! Não! Não morrerão as Festas deslumbrantes Da mocidade em flor enquanto houver estudantes Que vivam de beleza! Enquanto houver Poetas Que cantem, com ternura, as nossas Capas Pretas! Não morrerão jamais as Festas que o Pinheiro Bem alto as anuncia, ao burgo, num terreiro! Não morrerão jamais as Posses folgazãs, O Magusto, o Pregão, a Entrega das Maçãs Na ponta de uma lança às Damas tão formosas! E não, não morrerão as Danças graciosas!” Entretanto vários estudantes vestidos com traje nicolino de trabalho (calças e sapatos pretos, camisa branca e lenço tabaqueiro vermelho e gorro nicolino) desfilariam no solo, em sintonia e complemento do carro. Alguns, com caixas e bombos, simulando o cortejo do Pregão, outros transportando cartazes recordando algumas datas e acontecimentos marcantes do burgo vimaranense, nos últimos 100 anos, de entre as quais destacaríamos as(os) seguintes: - 1922 – Fundação do Vitória Sport Clube; - 1938 – Inauguração do Teatro Jordão; - 1940 – Festas Centenárias de Guimarães; - 1944 – Marcha da Fome do Pevidém; - 1947 – Reconstrução da Praça de Touros em 5 dias!; - 1953 – 1º. Centenário da Cidade de Guimarães/Comemorações do Milenário; - 1958 – Subida do Vitória à I Divisão; - 1965 – Inauguração do Estádio Municipal; - 1973 – Fundação da Universidade do Minho; - 1974 – Guimarães apoia o 25 de Abril; - 1988 – Vitória conquista a Super Taça; - 2001 – Centro Histórico de Guimarães Património Cultural da Humanidade; - 2004 – Guimarães sede do Euro 2004; - 2005 – Inauguração do Centro Cultural Vila Flor; - 2009 – 900 anos de D. Afonso Henriques; - 2012 – Capital Europeia da Cultura; - 2013 – Cidade Europeia do Desporto/Vitória conquista a Taça de Portugal. No fundo e a propósito do centenário do nascimento do homenageado, um desfile de recordações de vivências, que muitos sentiram e/ou nos emocionaram. Acrescente-se que a carro alegórico contou com a participação ativa dos jovens do 9º. ano e concretamente da disciplina de Educação Visual, que conduziu a sua execução e coreografia, com o apoio de outros docentes, direção do agrupamento e da prestimosa colaboração da Junta de Freguesia de Urgezes. Texto da autoria do Professor Álvaro Nunes | ||||||
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