DIA DA VITÓRIA E DA EUROPA | |
Por Conceição Páscoa (Professora), em 2020/05/11 | 492 leram | 0 comentários | 162 gostam |
Em 1950, a 9 de Maio, há 70 anos, o discurso de Robert Schuman, ministro dos Assuntos Externos francês, assinalou a visão de uma nova forma de cooperação política na Europa. | |
Em 1950, a 9 de Maio, há 70 anos, Robert Schuman, ministro dos Assuntos Externos francês, propôs a criação de uma autoridade comum para regular a indústria do carvão e do aço na Alemanha Ocidental e em França, dando origem à Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que constituiria o primeiro passo político para a União Europeia (EU). De facto, a chamada “Declaração de Schuman”, no seu discurso proferido em Paris, em 9 de Maio de 1950, assinala historicamente essa visão de uma nova forma de cooperação política na Europa, tornando impensável a eclosão de novas guerras entre países europeus, como sucedera em 1914-1918 e 1939-1945. Curiosamente, também em 8 de Maio de 1945, perpassam 75 anos atrás, da capitulação da Alemanha nazi e a vitória dos países Aliados, um outro marco histórico que pôs fim à II Grande Guerra Mundial. Porém, curiosamente, só a 9 de Maio se efetivaria a rendição alemã, pelo que este dia deveria ser considerado com rigor a data da vitória. Todavia, a imprensa da época antecipou essa notícia da vitória a 8 de Maio, esta data que ficaria popularizada como o DIA DA VITÓRIA, embora na Rússia esta efeméride se continue a comemorar a 9 de Maio. Em Guimarães, a vitória aliada seria efusivamente celebrada, como o relata o Notícias de Guimarães de 13 de Maio: “O termo da Guerra na Europa também em Guimarães provocou as mais espontâneas e calorosas manifestações de regozijo por parte de toda a população. Muitos edifícios públicos e particulares embandeiraram as suas fachadas e durante o dia de terça-feira subiram ao ar muitas salvas de morteiros, ouvindo-se repiques festivos dos sinos, acordes musicais e outras manifestações. Toda a indústria cessou a sua laboração e o comércio encerrou as suas portas. Quase ao fim da tarde realizou-se uma grande manifestação popular em que se incorporaram muitos milhares de pessoas, algumas das quais empunhavam bandeiras das nações aliadas, banda de música, etc. O cortejo dirigiu-se à Câmara Municipal onde os manifestante s – uma multidão enorme de pessoas! – foram recebidos pelo Vice-Presidente em exercício, Senhor João de Oliveira Pinto. (…) que agradeceu aquela espontânea manifestação de que prometeu dar conhecimento ao Governo e terminou lendo um telegrama que a seguir dirigiu a Salazar, saudando-o em nome da Cidade. Ouviram-se palmas, muitas palamas, vivas, muitos vivas a Portugal, à Inglaterra, França, América e Salazar e Churchill, etc, etc! e a manifestação prosseguiu através das ruas, entoando a multidão, em coro, a “PORTUGUESA” e a “MARSELHESA” (…) Ora, a Comunidade Económica Europeia (CEE) surgiria efetivamente num contexto pós-guerra, em nome da paz e cooperação. Porém, várias etapas seriam vencidas até à formação da UE, que teve a sua origem em 25 de Março de 1957,com o Tratado de Roma, que seria assinado por 6 países constituintes da CEE: a França, Itália, República Federal Alemã, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Dos seis aos 28 países atuais várias outras ocorreriam, de tal forma que Portugal só faria parte do grupo aderente em 1 de janeiro de 1986, após 8 anos de negociação, na então chamada Europa dos 12. Atualmente, porém, integram a União Europeia, assim denominada desde 1991, 28 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bielorrússia, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia e a Suécia. Entretanto, como sabes, está em curso um processo de saída do Reino Unido do seio da União Europeia, conhecido pelo Brexit. Assim, tendo como símbolo símbolos a bandeira azul, que tem no centro um círculo de 12 estrelas douradas, que representam a solidariedade e união entre os países membros e um hino baseado na 9ª. sinfonia de Beethoven, que expressa os ideais da liberdade, paz e solidariedade, bem como uma moeda única (embora o euro não seja adotado em todos os países aderentes), a União Europeia visaria desde o seu início o mercado comum e a adoção de políticas conjuntas em vários domínios, desde a agricultura aos transportes e à economia em geral, bem como a livre circulação de pessoas e bens. Deste modo, na sua organização, a UE abarca várias instituições, sediadas maioritariamente em Bruxelas, Estrasburgo e Luxemburgo, entre as quais se destacam o Parlamento Europeu, com responsabilidades legislativas e orçamentais, o Conselho Europeu, que define as orientações e prioridades políticas, constituído pelos Chefes de Estado ou de governo de cada país e ainda a Comissão Europeia, composta por comissários dos países aderentes, que têm a seu cargo a execução da legislação e orçamentos Este ano de 2020, no Dia da Europa, as instituições europeias desejam prestar uma homenagem especial aos numerosos europeus que, num espírito de solidariedade ajudam a UE a superar a crise do coronavírus. Neste Dia da Europa, a deusa da mitologia grega que deu nome a este continente, ficam um poema e um excerto poético de dois nossos maiores poetas (Pessoa e Camões): “A Europa jaz, posta nos cotovelos: De Oriente a Ocidente jaz, fitando, E toldam-lhe românticos cabelos Olhos gregos, lembrando. O cotovelo esquerdo é recuado; O direito é um ângulo disposto. Aquele dia Itália onde é pousado; Este diz Inglaterra onde, afastado A mão sustenta, em que se apoia o rosto. Fita, com olhar esfíngico e fatal, O Ocidente, futuro do passado. O rosto com que fita é Portugal. A Europa é assim apresentada por Fernando Pessoana, na sua obra “Mensagem”, como um figura feminina, na qual Portugal seria o seu rosto e cabeça. Aliás, como já Luís de Camões a descrevera no canto III de “Os Lusíadas” (estrofes 6 a 21), pela voz de Vasco da Gama, como se constata na estância 20, que transcrevemos parcialmente: “Eis aqui, quase cume da cabeça Da Europa toda, o Reino Lusitano Onde a terra se acaba e o mar começa E onde Febo repousa no Oceano. (…) Esta é de facto “a ditosa pátria minha amada” que espera uma resposta europeia, em nome da solidariedade propalada. A ver vamos … Álvaro Nunes | |
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