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Concurso "Contos De Amor"
Por Teresinha Teixeira (Administrador do Jornal), em 2014/06/13558 leram | 0 comentários | 175 gostam
A turma C do 8º ano foi a vencedora do Concurso “Contos de Amor”. A turma elaborou o conto intitulado Uma Nova vida.
Só me lembro daquela imagem a caminho do aeroporto, barulho e confusão, abro os olhos e não sei onde estou, procuro a minha mãe e o meu pai e não os encontro.
   Duarte, um homem de olhar meigo e sorriso ternurento aproxima-se de Margarida.
   -Estás bem? Consegues ouvir-me? Não tenhas medo vou ajudar-te – disse o médico.
   - Não quero a ajuda de ninguém. Só quero os meus pais, quero sair daqui. – disse Margarida.
   - Calma, Margarida…
   - Eu estou calma… mais calma não podia estar.
   - Olha Margarida, eu sou o doutor Duarte, e quero ajudar-te mas para isso tens de colaborar comigo.
A porta abre-se lentamente e aproxima-se a psicóloga com longos cabelos loiros, olhos azuis e um tom de pele muito branca com um sorriso radiante, observando Margarida com aquele olhar encantador.
- Margarida, sou Leonor, a psicóloga deste hospital eu e o doutor Duarte vamos ajudar-te a ultrapassar esta fase complicada. Queres vir comigo e com o doutor Duarte até ao meu consultório? – Disse Leonor
- Anda connosco, não tenhas medo. Confia em nós.- Disse o doutor Duarte
- Digam-me onde estão os meus pais. – Respondeu Margarida
- Mas é mesmo disso que iremos falar no consultório. – Disse Leonor
Margarida e os médicos entram no elevador, estava um clima tenso, pois nenhum dos três parecia querer falar. Saíram do elevador e o consultório ficava logo na primeira porta à esquerda.
-Margarida senta-te, não tenhas medo. – Disse Leonor
- O que nós temos para te dizer não é muito fácil de explicar. – Disse o doutor Duarte.
- Digam de uma vez por todas, estão a começar a assustar-me, podem falar, estou preparada para qualquer coisa.
- É assim Margarida, tu e os teus pais estavam a caminho do aeroporto e tiveram um acidente de viação. Vieram os três parar ao hospital … - disse Leonor
Um silêncio estranho e invulgar preenche o consultório, os três olham uns para os outros.
- Por favor, doutora Leonor, continue.
- Como te disse vieram os três parar ao hospital, mas infelizmente os teus pais não sobreviveram e tu entraste aqui em estado critico. Estiveste um mês em estado de coma.
- Mas não pode ser… não é verdade, é injusto, porquê eles e não eu?
- Margarida, tem calma, respira fundo. – Disse o doutor Duarte interrompendo Margarida.
- Não me conformo com esta notícia, onde vou viver, já não tenho pais nem avós. Estou só.
-Margarida, enquanto estiveste em coma, o hospital entrou em contacto com um orfanato.- Disse Leonor
-Mas, eu não quero ir para o orfanato
-Não vais já para o orfanato, vais ficar aqui no hospital mais duas semanas para repousares, para ver se não pioras.- Disse doutor Duarte
- Depois falaremos melhor Margarida, vai descansar que estás a precisar.- Disse Leonor
Os dias foram passando e Margarida cada vez mais se afeiçoava a Duarte e a Leonor. Até que chegou o dia que o diretor do hospital os informou que Margarida tinha de ir para o orfanato.
- Como é que vamos falar com a Margarida, ela é uma menina tão querida e simpática não sei se sou capaz.- disse Leonor
- Vamos os dois falar com ela é o melhor. – disse doutor Duarte.
Duarte e Leonor estavam com receio de anunciar a Margarida que naquele dia, ao fim da tarde teria de ir para o orfanato.
- Olá Margarida, hoje chegou o dia… - disse Leonor.- Hoje ao fim da tarde vais ter de ir para o orfanato, mas não te preocupes pois eu e o doutor Duarte iremos visitar-te quase todos os dias.- disse Leonor
- Mas eu não quero ir.
Leonor passou o resto do dia com Margarida, ajudou-a fazer as malas, guiou-a até ao carro onde já estava Duarte. Durante a viagem ninguém falou, mas Margarida pensava como nestes últimos tempos via em Leonor e Duarte os pais que perdera, tinha vontade de gritar que não queria ir e que queria ficar com eles, mas claro que não o iria fazer, a viagem passou e chegaram então à casa que iria ser sua a partir daquele dia.
 Chegaram ao orfanato, Margarida estava com receio de entrar.
- Margarida, não te preocupes, vai correr tudo bem.
- Promete-me que me vens visitar todos os dias, por favor!
- Prometo que sempre que puder, virei visitar-te.
Margarida e Leonor entram no orfanato e conversam com o doutor Feliciano, o diretor do orfanato.
- Olá Margarida, já me informei sobre o teu caso não te preocupes vai tudo correr bem. Vai lá para cima que as meninas já te prepararam o quarto.- disse o diretor do orfanato.
Margarida subiu as escadas com medo e sem dar uma palavra, chegou ao corredor e encontrou várias meninas que lhe indicaram o seu quarto. Margarida entra e tranca a porta com receio, eram quase horas de jantar e Margarida ainda não tinha saído do quarto.
-Margarida, já é hora de jantar tens de comer alguma coisa, não vais ficar ai para sempre, desce por favor. – disse o doutor Feliciano
-Eu não quero comer, quero voltar outra vez para o hospital. – disse Margarida
- Margarida, tens aqui o jantar, isto é uma exceção, hoje jantas no quarto, mas a partir de amanhã terás de almoçar no refeitório tal como as outras meninas.- disse doutor Feliciano
A noite foi passando e todas as meninas já dormiam exceto Margarida. O doutor Feliciano ouviu uma das meninas a chorar e foi ver quem era, passou junto ao quarto da Margarida e bateu à porta.
-Margarida, é o doutor Feliciano, abre a porta vamos conversar.
O doutor Feliciano entrou e Margarida começou a desabafar com ele.
- Doutor, está a ser dificil habituar-me a este novo lar, perdi há pouco tempo a minha família e já estava a afeiçoar-me ao doutor Duarte e à psicóloga Leonor, ultimamente eles têm sido a minha família.
- Eu sei que é dificil Margarida, já tivemos algumas meninas com uma situação idêntica à tua, mas acabaram por superar os problemas, e tornaram-se pessoas felizes. De vez em quando vêm aqui ao orfanato visitar-nos, coragem, Margarida.
  - Vou tentar doutor, estamos ambos cansados, vamos dormir.
- Claro que sim, Margarida. Hoje o dia foi longo.
            Eram nove da manhã. As meninas saíram para a escola. Margarida estava com receio pois iria ser o seu primeiro dia de aulas na nova escola com novos amigos. As meninas do orfanato conheciam praticamente toda a gente e levaram Margarida até à sua sala. Margarida sentia-se perdida e desorientada.
Os dias foram passando e Margarida não se adaptava àquela vida e não via a hora de sair do orfanato. O seu sonho era viver com Leonor e Duarte.
Na escola, Margarida só fez amizade com Ângela.
-Margarida, quando tocar queres vir comigo? – Disse Ângela
-Posso ir!
Margarida e Ângela foram para um sítio da escola que Margarida não conhecia.
- Estes são os meus amigos vais dar-te bem com eles. – Disse Ângela
Com o passar dos dias, Margarida começou a baixar as notas, Acompanhava sempre que podia a Ângela e os seus amigos. Até que um dia, Leonor e Duarte foram visitar Margarida ao orfanato e ela não estava.
  -A Margarida não está, mas eu preciso de falar convosco. – Informou Feliciano muito preocupado.
-O que é que tem a Margarida, doutor?
-A Margarida tem estado irreconhecível, parece muito revoltada e vocês já não a vêm visitar há mais de dois meses.
- Nós tivemos alguns contratempos e não viemos com a frequência que desejaríamos, mas vamos ajudar a Margarida. - Disse a doutora Leonor
-Mas doutora, não vai ser assim tão fácil. A Margarida está muito revoltada, as companhias da escola também não são as melhores e vocês já não a vão reconhecer. – Disse o doutor Feliciano.
A carrinha chegou ao orfanato e todas as meninas saíram e dirigiram-se para a biblioteca para fazerem os trabalhos de casa.
-Margarida, espera anda comigo até ao meu gabinete. – Disse o doutor Feliciano.
Chegaram ao gabinete e encontraram a porta encostada. Margarida estava desconfiada, acabou por entrar e encontrou a doutora Leonor e o doutor Duarte. Os seus olhos brilharam, surgiu um sorriso contagiante, não resistiu e abraçou a doutora Leonor.
-Doutora, estava cheia de saudades suas, pensei que me tinha abandonado?!
- Desculpa Margarida, tens razão, tivemos uns problemas e não conseguimos vir. – Disse Leonor
Enquanto Margarida lhe foi mostrar o quarto, o doutor Duarte e o doutor Feliciano continuaram a conversar.
Margarida e Leonor aproximaram-se e o doutor Feliciano deixou os três a conversar no seu gabinete.
Margarida prometeu mudar o seu comportamento, passou a noite a refletir e a analisar as suas atitudes. Ela não queria dececionar as pessoas que mais a apoiaram.
 Margarida acordou cansada, mas mais feliz, pronta para iniciar uma nova vida.
As visitas ao orfanato eram frequentes e Margarida passava fins-de-semana em casa de Leonor e Duarte.
Aproximava-se o aniversário de Margarida, ultimavam-se os últimos preparativos para a festa.
Chegou o dia do seu décimo quinto aniversário, Leonor e Duarte foram buscar Margarida ao orfanato e levaram-na a passear. Ao fim da tarde, chegaram a casa cansados de um dia de grande animação. Estava preparada uma grande festa. Era uma festa surpresa, foram convidadas as meninas do orfanato e algumas colegas da turma.
Margarida ficou surpreendida, abraça Leonor e Duarte, com as lágrimas nos olhos, diz:
- Obrigada por se terem lembrado de mim. Nunca me vou esquecer do carinho e da atenção que me deram.
 A festa continuou com grande entusiasmo e na hora da partida para o orfanato todos se despedem, agradecendo ao casal, mas Leonor e Duarte tinham uma surpresa para Margarida.
Leonor aproxima-se de Margarida e oferece-lhe uma caixa com um grande laçarote e dentro estava um cãozinho. Junto do cachorrinho estava um envelope.
Margarida abre o envelope e fica surpreendida com a mensagem.
“ Margarida esta é a tua nova casa. A partir de hoje somos a tua nova família.”


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