COLÓQUIOS NICOLINOS | ||||||
Por António Loureiro (Professor), em 2014/10/13 | 590 leram | 0 comentários | 195 gostam | |||||
Arrancou entre os dias 8 e 10 de outubro, na Vaca Negra – Centro para a Criação, Artes e Cultura, o Projeto Nicolinas. | ||||||
Iniciou-se com a realização de quatro colóquios de esclarecimento e divulgação dedicados a estas seculares e estudantis festas vimaranenses, cujo público-alvo foram os alunos e turmas do 9º. ano. Na circunstância, Silvestre Barreira, o orador convidado, com base numa apresentação multimédia, deu a conhecer a origem e história das festas nicolinas, enquadrando-as no ciclo natural da vida humana e da natureza, em especial na conjuntura das tradições ancestrais do solstício de inverno e ritos de transição da adolescência para a vida adulta, bem como nos contextos sociais criados em torno da escola da Colegiada de Guimarães e antiga Universidade da Costa (1537-1550) e culto da Senhora da Conceição. De igual modo, historiou sumariamente seu enquadramento religioso, à volta do culto de S. Nicolau e seus milagres, enquanto patrono das festas, devoção esta inicialmente radicada no povo, mas que paulatinamente terá sido apropriada pelos estudantes, que em sua honra construiriam uma capela (entre 1661 e 1663) e criariam uma Irmandade, cujos estatutos datados de 1691, são um documento comprovativo que a par das raízes religiosas das festas, estas se emanciparam e passaram a possuir um cunho mais profano, decorrente de um fenómeno de profanização habitual nestas circunstâncias. Após esta parte inicial dedicada à génese e culto de S. Nicolau no espaço e contexto vimaranense, o orador referiu-se de seguida aos seus principais números e simbologia, com especial atenção àqueles que mais se ligam a Urgezes: o dízimo ou renda de Urgezes, que estará na origem das Posses nicolinas, a ocorrer a 4 de dezembro e as Maçãzinhas, no dia de S. Nicolau, 6 de dezembro (ler a este propósito o texto “Urgezes e as Nicolinas”). Sobre este último número, considerado o mais significativo das festas, caraterizou-o como uma “troca de amor” à moda antiga, de cariz romântico, no qual a mulher ocupa o lugar central, em particular quando o rapaz lhe oferece a maçã, o fruto do pecado original. A este respeito, o palestrante responderia também a questões colocadas pelos alunos sobre a simbologia das cores e motivos das fitas nicolinas, que as raparigas oferecem aos rapazes para ornamentação das suas lanças, bem como acerca das prendas ou presentes que elas ofertam aos moçoilos em troca da maçã: pequenas garrafas, objetos escolares ou de cariz mais afetivo, doces e chocolates, ou mesmo chupetas, para aqueles que ainda precisam de crescer … De relance, o orador referenciou ainda outros números emblemáticos das festas como o Pinheiro (29 de Novembro), que marca o início das nicolinas e o (re)encontro de várias gerações de estudantes, que após jantares de convívio desfilam aos milhares pelas ruas da cidade ao som estridente de caixas e bombos, assim como a Roubalheira e o Pregão (5 de dezembro), este último centrado na declamação de texto satírico em verso, geralmente de cariz literário, que pela voz do estudante pregoeiro é apregoado aos quatro ventos pela cidade. Mereceriam ainda especial alusão as antigas novenas na Capela da Senhora da Conceição e as cerimónias religiosas levadas a cabo pela Irmandade, mas acima de tudo o Baile Nicolino e fundamentalmente as Danças de S. Nicolau, espetáculo lúdico e humorístico atualmente realizado no grande auditório do Centro Cultural Vila Flor, com lotação sempre esgotada. Os colóquios abordaram ainda várias outras curiosidades nicolinas como a sua gastronomia, os toques específicos de caixas e bombos nos vários números das festas (a treinar e ensaiar durante o mês de novembro), bem como o Hino de S. Nicolau, os seus trajes peculiares e particularmente algumas das suas personalidades e figuras mais marcantes como a Senhora Aninhas, mãe e madrinha dos estudantes. No fundo uma oportunidade para conhecer a essência das festas, seu espírito e valores e através de uma prática ativa de uma escola aberta à comunidade, manter viva e preservar as tradições seculare | ||||||
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