COISAS E LOISAS DA EDUCAÇÃO | |
Por António Loureiro (Professor), em 2015/10/05 | 542 leram | 0 comentários | 166 gostam |
Trazer a estas páginas algumas coisas e loisas da educação, divulgados na comunicação social e outras vias, é o propósito desta rubrica periódica. Aqui ficam algumas dessas dicas (in)formativas. | |
1. OS NÚMEROS DA EDUCAÇÃO Guimarães abre o ano letivo de 2015/2016 com menos 1053 alunos do que o ano passado, fundamentalmente devido à emigração e à conjuntura económica que conduz à quebra da natalidade. De facto, no presente ano letivo estão matriculados 18.803 alunos nas 88 escolas concelhias, verificando-se a maior descida no 2º. ciclo (424), sendo equilibradas as perdas no 1º. ciclo (251) e 2º. ciclo (261), decréscimos que no pré-escolar são menos acentuados (119). Em sentido contrário ao pré-escolar e ensino básico, o secundário regista um aumento de 81 alunos, ocorrendo a maior subida na Secundária Martins Sarmento, embora nas Taipas se contabilize uma quebra de 73 alunos. No entanto, este ano, a falta de alunos levou mesmo ao encerramento da EB1 da Igreja, em Santiago de Candoso, que foram transferidos para Mascotelos, situação que nos próximos anos pode ocorrer noutros estabelecimentos de ensino, designadamente na EB1 de Chã da Bouça, em Atães, que tem apenas 16 alunos matriculados. De acordo com a vereadora da pasta da educação, Adelina Paula Pinto, há muitas escolas na tangente, com duas turmas, pelo que nos próximos anos será necessário agregar escolas, tendo em conta a qualidade do ensino. Menos cinco mil estudantes, menos cerca de 9 mil professores, menos 545 escolas serão os números a nível nacional. 2. CURSOS TÉCNICOS SUPERIORES PROFISSIONAIS EM GUIMARÃES Guimarães vai também receber este ano o IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, que vai iniciar a sua atividade em instalações do Avepark com os cursos técnicos superiores profissionais de Aplicações Móveis, Design de Calçado, Mecânica Automóvel, Redes e Segurança Informática, Apoio à Gestão, Contabilidade e Fiscalidade e Exportação, Logística e Seguros. A 2ª. fase de candidaturas decorre até final de setembro. 3. TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA A notícia divulgada pelo diário Correio da Manhã de que o Agrupamento de Carcavelos alterou o regulamento interno e autoriza o uso do telemóvel na sala de aula, medida já aprovada pelo Conselho Pedagógico e Conselho Geral e já em vigor, contrariamente ao que dispõe o Estatuto do Aluno, surpreendeu muita gente. No entanto, segundo o diretor do agrupamento “o objetivo é que possa ajudar nas aprendizagens, ao mesmo tempo que se trabalha a cidadania, porque damos autonomia mas exigimos respeito pelos limites”. Acrescentaria ainda que o telemóvel já era usado nas aulas de Artes, Biologia e Inglês “e estabelecemos uma norma que permite e até favorece o uso na sala, mediante autorização do professor”. Como exemplo dos limites, o responsável pelo agrupamento explica que “os alunos podem usar o telemóvel para tirar fotos nas aulas de Artes ou procurar um documento na internet, mas não para estar a jogar”. O uso do telemóvel para fazer contas foi outro exemplo adiantado. Refira-se que este agrupamento se tem destacado por abordagens inovadoras e regista uma taxa de retenção de apenas 3%. 4. MANUAIS ESCOLARES Esta semana, o Movimento de Reutilização dos Livros Escolares (Reutilizar.org) apresentou na Provedoria de Justiça uma queixa pela reutilização dos manuais escolares, subscrita em abaixo-assinado por cerca de sete mil pessoas. Nos seus fundamentos consta a exigência do cumprimento da lei, que preconiza que os manuais escolares são válidos por seis anos. Subjacente à queixa uma acusação direcionada às editoras, que são acusadas de fazer pequenas alterações nos seus livros, mudando o ISBN (espécie de Bilhete de Identidade do livro) e obrigando os pais a comprá-los como se fossem novos. De igual modo, às mudanças decorrentes das metas curriculares homologadas pela tutela, que nalgumas situações obrigaram a alterações. Esta situação é também abordada pelo semanário Sol de 18 de setembro, que em primeira página titula que o “Assessor de Cavaco denuncia negócio dos manuais escolares”. De facto, António Araújo, assessor do Presidente da República, critica o “preço exorbitante dos manuais que faz deste um negócio milionário” e denuncia os expedientes usados pela editoras escolares para “contornar a lei” que, desde 2006, impõe a sua vigência durante 6 anos. A crítica estende-se ainda ao governo, pois constata a “incompreensível passividade do poder político. Há um lóbi poderoso das editoras que têm o monopólio”, acrescentando ainda que “há uma grande (i)responsabilidade do Ministério da Educação que à (necessária) revisão dos programas das disciplinas – que implicou a substituição de todos os livros – seguiu-se, passados dois anos, a alteração das metas curriculares”. Quanto às ditas “habilidades das editoras” cita: o uso de papel lustroso para dificultar apagamentos, mesmo a lápis, evitando a reutilização; a mudança da ordem das páginas ou pequenas alterações em exercícios; embrulhar o manual com o caderno de atividades, obrigando à compra de dois livros quando apenas um é obrigatório. Por seu turno e em contraposição, a Comissão do Livro Escolar da APEL refuta as acusações, não só afirmando que “os editores cumprem escrupulosamente a lei e, por isso, não fazem qualquer alteração nos manuais durante seis anos que ponha em causa a sua reutilização”, explicitando ainda que “apenas e só quando o MEC entende alterar os programas curriculares é que os editores e autores reveem os respetivos manuais”. 5. ATIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR (AEC) Tudo leva a crer que a maioria dos 142 técnicos das AEC para Inglês (20), Atividades Física e Desportiva (92) Atividades Performativas -teatro e dança- (27), Terapia da Fala (1) e Terapia Ocupacional e Psicomotricidade (1) estejam nas escolas atempadamente, num ano em que as colocações de professores estão a correr “anormalmente bem”. Com efeito, apesar da tardia publicação da portaria ministerial aplicável, a Câmara Municipal de Guimarães teve de abandonar “a plataforma do MEC, porque utilizando-a nos moldes em que eramos obrigados, nem em Janeiro teríamos os docentes colocados” – afirmaria a vereadora do pelouro da educação. Por isso, concluiria, a edilidade avançou com a contratação direta, “através de um concurso normal simplificado com recurso a todos os processos de urgência permitidos”. Artigo da autoria, Álvaro Nunes | |
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