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25 ANOS DEPOIS
Por António Loureiro (Professor), em 2015/12/10798 leram | 0 comentários | 149 gostam
Inaugurada a 11 de dezembro de 1990, a EB2,3 de Urgezes e atual Agrupamento de Escolas Gil Vicente está de parabéns pelas suas bodas de prata.
25 ANOS DEPOIS
Inaugurada a 11 de dezembro de 1990, a EB2,3 de Urgezes e atual Agrupamento de Escolas Gil Vicente está de parabéns pelas suas bodas de prata, data que coincide com os 550 anos do nascimento de Gil Vicente, patrono da escola desde 2002, que se crê nascido em Urgezes.
Foi contudo anos antes de 1990 que tudo começou. Primeiro no papel, mais concretamente no Plano Diretor Municipal da época; depois, nas lutas subsequentes para vencer oposições de interesse, ora educativas ora políticas. Recordo-o porque na altura estava ligado ao poder autárquico, que meu pai presidia na freguesia e assumira parte desses combates político-educativos.
Mas de facto a EB 2,3 de Urgezes acabaria mesmo por avançar contra muitas e variadas prerrogativas instaladas. Inicialmente nas velhas escolas de Santa Luzia, na cidade e cerca de dois anos mais tarde, no seu lugar definitivo e onde agora está implantada. Eram os tempos da explosão escolar, hoje em retrocesso.

Mas, não obstante esta ligação desde a origem, os meus primeiros contatos efetivos com a escola foram enquanto pai e membro da Associação de Pais. Na altura a escola não teria ainda a maturidade de hoje e por isso alguns conflitos ocorreram. Recordo que havia na altura no ensino bastantes “pára-quedistas”e nem sempre o rumo das coisas e loisas teria sido o mais certo. Mas adiante …
Por ironia, ou melhor, por concurso nacional, acabaria mais tarde por ser colocado nesta mesma escola, ao pé de casa, como professor de Língua Portuguesa, após o habitual périplo docente por Vizela, Penafiel e Idães (Felgueiras). São desses anos que guardo no baú da memória as melhores recordações, quer no trabalho docente e da gestão escolar, quer nas afetividades indeléveis que se criaram e subsistem. Nesta escola, tive ensejo de crescer pedagogicamente, construir pontes, enfrentar frontalmente interesses pessoais e exercer funções ativas em praticamente todos os órgãos da escola, que culminariam na Direção Executiva.
Congratulo-me portanto por poder vivenciar tão rica experiência, que começou pela colaboração no TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária), passou pelo lançamento dos CEF’s (Cursos de Educação e Formação) e posteriormente pela Iniciativa Novas Oportunidades e por muitas outras lutas, nem sempre bem compreendidas, como pela melhoria das aprendizagens e dos resultados escolares. Pugnas que passaram também pela sobrelotação da escola e que culminaria pela construção da EB 2,3 da Abação. Lembro que outrora a escola abrangia uma vasta área territorial e pedagógica que se estendia às freguesias de Pinheiro, Abação, S, Faustino, Tabuadelo e Calvos e era obrigada a enviar alunos seus para as secundárias da cidade, por falta de salas e espaços. Relembro-me ainda de outros combates, como os decorrentes da organização dos agrupamentos, as polémicas resultantes da constituição dos mega-agrupamentos, ou os mais exacerbados e corporativos como a avaliação docente, que levou à reconquista de Lisboa! Mas vêm também à baila e por colação, as melhorias que foram sendo sempre implementadas ao longo dos tempos, particularmente no âmbito das inovações tecnológicas e comunicacionais, bem como nos espaços físicos, quer com as benfeitorias e obras de restauro em muitos edifícios escolares quer nas construções de obras de raiz que proporcionam novas condições de trabalho em Arrau, Polvoreira e Urgezes (um CEU) e proporcionaram a criação de jardins de infância, tão carentes nesta área de operariado e serviços.
Afloram ainda à memória algumas atividades e iniciativas mais emblemáticas da escola. Cito por exemplo o jornal escolar, inicialmente em papel (agora online), o excelente trabalho do Clube de Teatro, os arraias minhotos em estreita ligação com a comunidade, a Feira Medieval (que pena não se “atualizar”como Feira Vicentina), as participações na Mostra e Feira Educativas Concelhia, ou ainda a cidadania do projeto Parlamento dos Jovens. Rememoro ainda o excelente trabalho de organização e dinamização da Biblioteca Escolar e a sua pioneira e saudosa colega Maria José Martins, que trouxe vários escritores à escola, como Ana Maria Magalhães (mais tarde veio também Luís Represas) e lançou o repto das Escapadelas Literárias ainda duradouras. Avivam-se ainda algumas ações no âmbito do Desporto Escolar, em especial no âmbito do Xadrez, e/ou ainda a abertura da escola aos temas da educação para a saúde e sexualidade, que inclusive nos fez privar com professor Daniel Sampaio como interlocutor convidado.
Pessoalmente, contudo, o Projeto Nicolinas pela sua ligação à comunidade estudantil e vimaranense e particularmente a Urgezes, é pela articulação pedagógica de saberes que faculta, quiçá aquele a quem daria a romântica maçãzinha da minha afetividade e que tem dado alguma visibilidade externa à escola, desde o seu início em 2002. Penso que foi também um passo importante no sentido da introdução do currículo local na escola (agora que tanto se fala disso), em especial pelas atividades paralelas que se desenvolveram e que acabaram por ter eco na DREN, que na altura deslocou à escola uma equipa da sua TV privativa.
De facto, longa foi esta caminhada. Pela escola inclusiva patente na ação do NEE e melhoria nos apoios pedagógicos, pela adaptação perante as mudanças e/ou as reformas (extinção das áreas curriculares não disciplinares, introdução das Atividades de Enriquecimento Curricular, alterações curriculares e programáticas, etc), pela melhoria na ação disciplinar e otimização da escola, evidente nos processos de auto-avaliação e avaliação externa ocorridos.
Certamente estarei a ser injusto em omitir muitas outras iniciativas que outros relevarão. Socorro-me porém e apenas do subconsciente, da memória impressiva e da minha subjetividade.
Porém, agora é o tempo do futuro e novas lutas e desafios se colocam. Recorde-se que neste próximo ano de 2016 decorrem 30 anos da publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo e que novos paradigmas se enunciam. Celebram-se também 10 anos do Plano Nacional de Leitura, iniciativa que merece os melhores encómios. Por sua vez, 2017, recorda-nos 5 séculos do Foral Manuelino de Guimarães e da publicação do vicentino “Auto da Barca do Inferno”; e localmente, pela sua ligação a Nespereira, os 150 anos do nascimento de Raul Brandão.
Mas estamos convictos que a escola saberá construir e melhorar esse futuro, com os ensinamentos do passado.


Texto de autoria
Professor Aposentado
Álvaro Nunes


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